* Márcio Alexandre

 

Vencida pelos professores uma grande batalha na luta para que a prefeitura de Mossoró cumpra com um direito conquistado pela categoria à custa de muito esforço: o reajuste do Piso Salarial Profissional Nacional do magistério. O ciclo somente se completará quando a última parcela do reajuste for paga pela gestão, mas é importante analisar como cada um dos envolvidos nessa questão se comportou. É preciso reconhecer o papel de cada um.

Os professores foram grandes. Mesmo com as táticas rasteiras, as ameaças injustas e as incertezas palacianas, não sucumbiram. Ficaram tristes, mas altivos. Indignados, mas vigilantes. Revoltados, mas atentos. E seguiram firmes.

O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró foi combativo como sempre. Liderou como nunca. Enfrentou talvez a mais desleal das guerras. O mais imprevisível dos embates. O mais ardiloso dos oponentes. Em toda a sua história. Porque enfrentou quem negou um direito, deturpou uma lei e ameaçou uma conquista.

A presidente do SINDISERPUM, Eliete Vieira, foi gigante. Teve falas suas desvirtuadas por setores da imprensa, aquela parte adestrada pelo Palácio da Resistência. Foi achincalhada pelas “viúvas de Rosalba”. Quiseram colocar sua capacidade de liderança em xeque. Fizeram de tudo, mas ela não titubeou. Não demonstrou hesitação. Não caiu mesmo com tanta maldade orquestrada e executada contra si.

A vitória também tem grande parcela de contribuição da Câmara Municipal. E nesse aspecto, inegável a importância de se ter um representante da classe trabalhadora no Legislativo. A atuação da vereadora Marleide Cunha (PT) foi destemida e indispensável. Sua postura levou a que alguns outros parlamentares repensassem o seu papel.

A parlamentar também teve que enfrentar a sanha palaciana. Sobretudo a digital, espaço em que alguns dos seus integrantes chegam a fazer inveja ao Gabinete do Ódio que existe em Brasília (DF).

Ainda sobre o Legislativo, importante destacar que a criação do bloco “Diálogo e Resistência” foi um marco na história da Câmara e teve papel decisivo para que Allyson reconhecesse que não ganharia a batalha legislativa. Aliás, frise-se, foi a certeza de que seria derrotado no Legislativo que fez o prefeito mudar os planos.

Não foi por bondade que Allyson mudou, mesmo que mudar seja uma grandeza. Não esqueçamos que o discurso do poder era de que os professores sequer teriam direito ao reajuste. Ao ver-se derrotado, o prefeito buscou uma forma de sair vitorioso ante uma derrota. E, reconheça-se, conseguiu. Caiu. Mas caiu atirando. Dizer que pagará também os 0,42% deixados pela gestão da ex-prefeita Rosalba foi uma grande sacada. Um belo chute. Um sensacional petardo.

Allyson fez uma grande jogada política, repetimos. Mas a um custo muito alto. Não para ele, claro, mas para os docentes. Sua estratégia para ficar por cima ao final do processo foi executada em cima da angústia dos professores. Do sofrimento dos trabalhadores. Do desassossego dos profissionais da educação.

O prefeito já lucra com o resultado da jogada que fez. Seus eleitores mais fiéis já bradam nos quatro cantos de Mossoró: “foi melhor que Rosalba”. Pra mim, os dois são ruins. São iguais no conteúdo. Allyson é diferente na forma: planta sempre o mal, mas ao usar à exaustão as mídias digitais, consegue se sobressair como bom para uma parcela significativa da população.

Vitoriosos são os que resistiram e fizeram valer sua luta. Nada está sendo dado por Allyson. Ele está apenas reconhecendo o que é de direito dos docentes. Que o seu endeusamento seja feito por aqueles que o idolatram pela cegueira que o exagero midiático provoca. Ou por quem é pago para isso.

 

* Professor e jornalista

 

Nosso e-mail: redacaobocadanoite@gmail.com

 

3 thoughts on “Reajuste do piso docente em Mossoró: quando é necessário reconhecer

  1. Grande jornalista Márcio Alexandre! Temos orgulho de ver o seu discernimento em relação à essa questão. Jornalismo sério e realista

  2. Parabéns , excelente artigo, tenho certeza que representa bem o sentimento dos professores e a política indecente de Allyson.

  3. Parabéns pelo texto meu caro amigo.
    Não pelos elogios à minha pessoa,mas pela nitidez dos fatos e por entender que não foi a melhor proposta e nem de longe a que os professores merecem,porém ela foi arrancada e não perdemos o nosso PCCR que foi o tempo todo colocado em xeque. Continue sendo quem és: um orgulho para sua família, amigos e colegas das suas profissões.
    Bjos. Cuide-se

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