* Márcio Alexandre
Iniciamos mais uma jornada. Agora, de fato, tudo está de volta à rotina. São novos dias em que teremos, mais uma vez, que nos relacionar com o outro.
Dividir espaço com quem talvez não gostamos. Trocar experiências possivelmente com quem não toleramos. E, quem sabe, celebrar com quem não queremos.
Forte, né? Talvez. Mas às vezes, isso se revela no olhar enviesado, na palavra atravessada, na resposta ríspida.
Isso se mostra quando abrimos mão de gestos simples e não nos damos conta de que pedir desculpas não paga imposto, reconhecer um erro não tira pedaço, ser gentil não diminui a honra.
E muitas vezes não gostamos, não toleramos e não queremos por nossa própria culpa.
Porque parece que ser pouco amigável satisfaz mais do que tolerar. Demonstrar indiferença é mais confortável do que se relacionar.
E tudo isso nos afasta, sem que percebamos, de nós mesmos. Daquilo que somos: criatura gerada por um Criador amoroso e complacente.
Esquecemos que o que somos é mais importante do que o que temos.
Que o que nos constitui é maior do que o que nos alimenta.
Que o que oferecemos vale mais do que o que negamos.
Ser rude não é ser forte. Ser indelicado não é ser autêntico.
O que afasta não é a fisionomia sisuda. O que preocupa é a aridez de sentimentos.
Quando não se exercita bons gestos, quem se desgasta é a vida. E que Deus nos livre.
De negar um abraço. De não estender a mão. De não oferecer um afeto.
Viver é dádiva. Conviver deve ser exercício de gratidão. A Deus. À vida. A si mesmo.
Sigamos nessa nova jornada. É mais uma chance para nos reencontrarmos consigo mesmos.
* Professor e jornalista