* Márcio Alexandre
Governos precisam ser criticados. Gestões públicas devem estar sempre sob o olhar atento dos cobradores. Dos que reclamam. Dos que reivindicam. Dos que fiscalizam. Mas a cobrança, a crítica, a reclamação, a reivindicação e a fiscalização devem estar centradas no respeito. E dele não podem arredar pé. Precisam ser de verdade. Sem edições.
Por mais grave que seja a omissão, a lembrança tem que ser respeitosa. Por mais crasso que seja o erro, o pedido de reparação tem que ser feito de forma harmônica. E os fatos que apontam para a omissão e/ou para o erro devem ser verdadeiros. Sem maquiagem. Sem exageros. Sem arroubos. Tanto na apresentação quanto na retórica de quem faz a narrativa.
Homens públicos, elevados à categoria de representantes do povo, os legisladores potiguares, com raras exceções, tem incorrido nas exacerbações. Tem sido assim em Mossoró. Assim tem sido na capital. Com isso, perdemos todos nós.
Talvez na ausência de projetos, na fragilidade das propostas, na escassez de coerência, recorre-se à mentira, ao desrespeito, à falta de decoro. Lamentavelmente, alguns, na sanha de parecerem enérgicos, deixam vir à tona todo o seu despreparo, as suas mais íntimas inclinações preconceituosas, machistas, misóginas e discriminatórias. Suas pulsões mais perversas. Seu indisfarçável coronelismo. Seu inegável desejo que se estabeleça o quanto pior, melhor.
No caso mais recente, o deputado Nélter Queiroz (MDB) fez acusações – sem provas – contra a gestão da governadora Fátima Bezerra (PT). Não ficou sem resposta. Firme, como tem que ser. Pontual, como sempre deve ocorrer. O secretário da Saúde, Cipriano Maia, sobre quem o despautério verbal de Nélter foi direcionado de forma mais direta, o desafiou a mostrar com fatos e provas o que alegava. E o chamou, pelo ato, de inconsequente, irresponsável e mentiroso.
Quando se faz uso da mentira, tem que ser chamado de mentiroso. Quando não se mede o tamanho da responsabilidade pelo dito, é preciso se tachado de irresponsável. E quando se utiliza se artifícios vis para macular imagens públicas, não se pode ser classificado de outra coisa que não seja inconsequente. Porque a reação precisa ser na mesma proporção do ato lesivo provocado. Do contrário não o combate. Por outro lado, não se opera sequer o caráter pedagógico da reprimenda.
O Rio Grande do Norte não merece parte dos deputados que tem. Velhos conhecidos de práticas condenáveis, alguns acharam no que se convencionou chamar de fake news a arma perfeita para atacar reputações. A notícia falsa é combustível inseparável para quem não quer fazer combate. Mas apenas atirar pelas costas. Como é típico dos covardes. A covardia nunca deveria pautar o debate público. Senhores parlamentares, melhorem.
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