* Márcio Alexandre
O discurso de todos os políticos é o mesmo: trabalhar pela coletividade. Poucos, no entanto, fazem aquilo que dizem. São muitos os que visam mais as benesses que terão do que o benefício que deveriam oferecer. Pensam mais em si do que nos outros. Por vaidade ou não, preferem perder para que outros não ganhem. Mesmo que o perdedor, no final das contas, seja a coletividade.
As eleições deste ano confirmaram essa máxima. O resultado delas, para Mossoró, quase catastrófico, aponta que não foi pensando no povo que algumas candidaturas – poderosas, diga-se de passagem – foram postas. O desejo de se construir em torno de alguém uma liderança deixou os liderados órfãos. E o pior: deixou o município sem representação na Câmara dos Deputados. Depois de décadas. Após várias eleições.
O ego falou mais alto que a necessidade. O projeto pessoal se sobrepôs ao anseio coletivo. As estruturas de poder – financeiro, logístico e midiático – postas a favor de protegidos sucumbiram porque construídas não pensando no povo, mas no interesse de quem quer ser ainda mais poderoso. Muitos se calaram porque quando só o ego opera poucos opinam.
Intencionalmente ou não, a ambição política do prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) foi uma das principais razões para que Mossoró ficasse em representante na Câmara Federal. Desde que chegou ao Palácio da Resistência que o prefeito sonegou aos mossoroenses o conhecimento do trabalho feito por outros políticos a favor da cidade. Beto Rosado (PP) e Isolda Dantas (PT) sofreram na pele o que é ajudar uma cidade com gestor de mente tacanha. De gesto mesquinho. De coração ingrato. De ingratidão gratuita.
Em nome dos seus, Allyson tentou negar o trabalho dos outros. Por seu nome, relegou até quem era próximo. E foi assim que preferiu Jadson a Tony. E foi dessa forma que preteriu Mossoró em nome de Lawrence. E foi assim que ninguém ganhou, mas a cidade perdeu.
Não fosse a ofensiva fratricida de Allyson sobre os demais concorrentes, talvez alguém tivesse sobrevivido com um diploma de eleito na mão. Não tivesse o prefeito escolhido ser apenas ele o vitorioso, Mossoró não teria quedado. Que tenha aprendido a lição: nem sempre é preciso que o outro perca para que se ganhe. Em política, quando se age para destruir, não são poucos os que sucumbem. Mesmo sendo a terra da resistência, nossa cidade não foi páreo para ególatras.
* Professor e jornalista