Esportes
* Ugmar Nogueira
O mossoroense em especial o brasileiro, em geral, sabem que o esporte é uma atividade que tem o enorme potencial de unir os povos e as nações, além de promover saúde, entretenimento e vida.
O esporte se constitui em um braço forte nas relações humanas.
Observando os episódios recentes no âmbito do esporte local, logo se enxerga problemas antigos e ausência concreta de planejamento e de sintonia com políticas públicas já consagradas, como acontece em outros munícipios.
O esporte em Mossoró não precisa apenas de um secretário técnico ou político. Ele precisa de um novo olhar. Um um olhar de quem faz o esporte com gestão desportiva, com tratamento especial, com base principiológica, com sentimento de construção de uma sociedade mais solidaria e fraterna e livre.
Mudanças Urgentes – A atual gestão ou os próximos gestores tem que realizar mudanças urgentes, partindo do próprio organograma da secretaria, que hoje é bastante arcaico.
É preciso criar no âmbito da Secretaria coordenações e gerências que visem impulsionar o esporte. É preciso criar uma coordenação pedagógica, uma coordenação de eventos esportivos, uma coordenação de esportes olímpicos, uma coordenação de captação de recursos e projetos.
Também é urgente criar departamentos ou gerências que tratem das leis de incentivo ao esporte. É preciso criar os setores financeiro e jurídico da Secretaria.
Mudanças na política administrativa com urgências – A gestão municipal, através da Secretaria Municipal do Esporte, tem que criar com muita urgência um diálogo com o parlamento municipal. É importante e necessário a revitalização do Conselho Municipal do Esporte.
É necessário que seja criada uma frente em defesa do esporte na Câmara Municipal. É importante dialogar com a Câmara com objetivo de alocar emendas ao orçamento geral do município como também emenda impositiva para a Secretaria de Esportes.
Enviar para a Câmara o projetos de lei criando a lei de incentivo ao esporte, instituindo o Fundo Municipal de Apoio ao Esporte.
A criação de uma agenda positiva para o esporte local é outra necessidade, e passa pela realização de uma audiência pública, e pela criação da Semana do Esporte ou o Mês do Esporte no município de Mossoró
Esse novo olhar para o esporte aqui no nosso município é necessário ter como imagem principal o jeito de agir e ter o esporte como fator de desenvolvimento social.
O esporte constrói valores essenciais ao indivíduo em sociedade, permite construir pensamentos e diálogos, sobre temas importantes como o combate à violência tendo o esporte como ferramenta aliada à prevenção desse mal.
Para finalizar afirmo que mudar a chefe da pasta sem trocar o olhar para o esporte vai sempre nos levar a crer, que o placar desse jogo vai ser sempre o zero a zero.
* Radialista, Suplente de vereador e Estudante de Direito
Márcio Alexandre
Especial para o Blog na Boca da Noite
Há mais ou menos um mês um grupo de desportistas organizou uma competição em Mossoró. Correram atrás de patrocínios, buscaram espaços para a disputa, contactaram adeptos da modalidade. Tudo terminado, faltaram R$ 500 para pagar a arbitragem. Recorreram então à Prefeitura de Mossoró e, pasmem, a gestão municipal respondeu que não tinham como oferecer aquela ajuda financeira que os desportistas precisavam.
Essa situação retrata, de forma fidedigna, o descaso a que é relegado o esporte pelas autoridades locais. Seja amador ou profissional. Não importa a cor partidária do prefeito ou prefeita da hora, o desprezo é o mesmo. Embora o – fácil – discurso seja de valorização, na prática, o que acontece é bem diferente.
O Blog Boca da Noite apresenta, nesta matéria especial, um panorama de como o esporte – especialmente o amador – é visto pelo poder público: à margem, e sem apoio. Acompanhamos competições, visitamos locais de prática de esportes, conversamos com desportistas, organizadores de competições, árbitros, jogadores, ciclistas, e para todos e em todos os lugares, a certeza é uma só: em Mossoró, o esporte cresce, apesar da total falta de apoio oficial.
Em praças e quadras; em campos de chão batido e nas veredas da nossa caatinga; nas ruas e estradas, há sempre pessoas praticando algum esporte. O futebol ainda é a modalidade com maior número de praticantes, mas também tem muita gente pedalando, muitos praticando skate, um sem número jogando futebol de salão, centenas no basquetebol, alguns milhares correndo. E a lista não para de crescer.
Na maioria das vezes, os praticantes são aqueles que também organizam as competições. E os esforços são sempre pessoais. Há modalidades, como o futsal feminino, que em Mossoró ainda não ocorreu nenhuma competição, seja organizada por particulares ou pelo município. “São muitas as dificuldades. Quando vamos participar de competições é correndo atrás de apoio, fazendo rifas, às vezes tirando do próprio bolso”, relata Leandro Barbosa, que há pouco mais de 3 meses participa de projeto criado para inserir mulheres na prática do futebol de salão.
“Infelizmente o poder público não tem o esporte como prioridade. Na minha opinião deixa muito a desejar”, analisa o ciclista Moacir Júnior, reforçando a fala de todos os demais entrevistados para essa reportagem.
Um organizador de um campeonato de futebol da periferia de Mossoró diz lamentar que o município não tenha um calendário esportivo. “Quando a gente busca apoio, é o secretário que tira do próprio bolso. Não existe política pública nessa área. E Isso não é de hoje”, avalia o desportista, pedindo sigilo quando sua identidade.
Jacqueline Pereira, da comunidade Nova Vida, é outra mulher apaixonada pelo esporte, especialmente o futebol de salão. Tem lutado quase sozinha para manter vivo o sonho dela e de outras 15 mulheres a praticar a modalidade. “A dificuldade é total: falta de bola, objetos de treinamentos, uniformes, coisas básicas para treinamento do time”, lamenta.
No caso do ciclismo, o esportista Moacir Júnior lembra da má gestão da ciclovia da avenida João da Escóssia. “Nunca houve uma fiscalização e a ciclovia era usada como estacionamento. Depois que recapearam a avenida, até a sinalização de ciclovia tiraram”, denuncia.
Outro fato reforça o descaso relegado ao esporte na cidade: O Atlético Mossoroense Feminino vai participar nos próximos dias de um campeonato em Caicó. Só o aluguel do ônibus vai custar R$ 1.300,00. É uma viagem com custo total próximo a R$ 2 mil. “Estamos na batalha, buscando patrocínio no comércio do bairro, vendendo rifas, se cotizando”, diz William Sousa, presidente do clube. Ele diz que já desistiu de buscar apoio da prefeitura. “A resposta é sempre negativa”, relata.
O desportista Allyson Higínio é árbitro de futebol e também organizador de competições. Para incentivar a prática desse esporte, ele mantém um campeonato para o qual convida equipes e essas pagam taxa de inscrição e por partidas. “Somo tudo que recebo dessas taxas, tira 50% para o campeão, 25% para o vice, e os o 25% restantes utilizo para cobrir as despesas”, frisa, acrescentando que não recebe apoio nenhum do poder público. A exemplo do que acontece com outros que lutam pelo esporte na cidade.
Versão – O Blog na Boca da Noite buscou a Prefeitura de Mossoró para falar sobre o assunto. Na manhã da quarta-feira, 8/9, falamos, por mensagem de celular, com o secretário de Cultura, Júnior Xavier. Ele solicitou que contactássemos a Comunicação do município para agendamento da entrevista.
Falamos com o setor, que nos indicou o jornalista responsável pela assessoria da pasta esportiva. Solicitamos a entrevista para as 15h da quinta-feira, 9/9. Gostaríamos de que a conversa fosse presencial. O jornalista apontou a dificuldade do encontro em face da agenda apertada do secretário. Ontem pela manhã, procuramos o assessor para saber a possibilidade de sermos recebidos à tarde. Informou que não teria como. Solicitou as questões da pauta. Enviamos, mas até o fechamento desta matéria (9h30 desta sexta-feira, 10/9), não tínhamos recebido o retorno.
Desatenção com o banquete é humilhante, diz desportista
As dificuldades enfrentadas pelas mulheres que jogam futebol de salão
Assaltos se tornaram rotina para praticantes de ciclismo de trilhas
Entrevistados mostram benefícios da prática do esporte
Nosso e-mail: redacaobocadanoite@gmail.com
“Cara, se o apoio para o esporte já é escasso, para o basquete quase não existe. É humilhante”, revela, com uma indignação, Alan Jordan, praticante do esporte e lutador pela modalidade em Mossoró.
Além de ser membro da equipe Santa Luzia de Basquete, Jordan também atua organizando eventos esportivos. Uma dessas competições foi o Campeonato de Trinca, o famoso 3 x 3, e pela qual se buscou a ajuda de R$ 500 da prefeitura. Negada, como informamos no início.
Jordan ressalta que embora a principal equipe de basquete de Mossoró seja campeã Sub 40, em Natal, o apoio segue inexistente. “Buscamos colocar a modalidade em evidência, mas é cada vez mais difícil”, afirma.
Ele lembra que o Basquete 3 x 3 será modalidade olímpica a partir das Olimpíadas de 2024, na França. “Na disputa de trinca, cada equipe tem 4 atletas por equipe sendo que um fica no banco. As partidas tem a duração de 10 minutos com cronômetro parado quando sai a bola e quando pede se tempo. A partida dura 10 minutos e vence quem fizer mais pontos. Ela pode acabar antes dos 10 minutos se alguma equipe fizer 21 pontos”, diz, entusiasmado. Entusiasmo que cessa com a precária situação enfrentada pelo esporte.
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A fez aumentar, consideravelmente o número de ciclistas, não só em Mossoró, mas em todo Brasil. “Com as academias fechadas as pessoas buscaram outras formas de praticar alguma atividade física”, atesta o ciclista Moacir Júnior.
Também personal trainer, Moacir ressalta que aumentou muito o número de pessoas praticando corrida de rua. É possível confirmar essa afirmação numa breve saída às ruas nos finais de tarde, principalmente, e também nas primeiras horas da manhã.
No caso dos ciclistas de trilha, um problema tem quase inviabilizado a prática desse esporte: a insegurança. “Sou atleta de mountain bike desde 2009, treino sempre em trilhas nas proximidades da estrada que vai pra Serra Mossoró! Ultimamente vem aumentando bastante o número de assaltos a ciclistas”, afirma, preocupado.
Moacir Júnior relata que somente na semana passada foram registrados dois assaltos a ciclistas. “Então a cada dia que passa ficamos com mais medo de praticar nosso esporte”, lamenta.
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Os benefícios da prática do esporte são variados. Vão desde a melhoria da saúde físical e mental até a sociabilidade. “Tem menina aqui que já tentou até o suicídio. Ela vem vencendo a depressão por meio do esporte. Quando está aqui é a pessoa mais feliz do mundo”, diz o treinador de uma equipe feminina de futebol.
Seu relato reforça a importância da atividade física e esportiva para a sociedade como um todo e para as pessoas em especial. Moacir Júnior, por exemplo, elenca uma série de ganhos proporcionados pelo esporte.
“Qualquer esporte, quando é praticado de forma adequada, traz inúmeros benefícios para a saúde em geral, como por exemplo, redução de gordura corporal, fortalecimento da musculatura, diminuição do colesterol, liberação do estresse, produção de endorfina”, elenca.
Moacir cita ainda que para a sociedade há benefícios, principalmente na facilitação das relações interpessoais, redução na emissão de gases prejudiciais ao meio ambiente, no caso de uso de bicicletas, menos espaço ocupado na rua, menos engarrafamento, zero custo com gasolina, mais facilidade para estacionamento.
“É muito bom pedalar em grupo, tanto pela interação com outras pessoas, como pela segurança! Quando você pedala e cruza com outro ciclista dificilmente passam sem se cumprimentar, coisa que não acontece quando você está em outro meio de transporte”, argumenta o esportista.
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