* Márcio Alexandre
Está sobre a mesa. Elegantemente imperiosa. Charmosamente intocada. Inamovível. À espera.
De uma mão que a toque. De um braço que a conduza. De uma ideia que valha a pena ser movida.
Uma assinatura num documento. Um bilhete despretensioso. Uma oração. Uma promessa. Um recado prometido. Uma pretensão de um escritor. Uma carta de amor.
Há quanto tempo deixamos de usá-la como extensão do corpo para soltarmos ao mundo o que está preso ao peito?
Ainda será instrumento de rascunho dos grandes escritos? Ainda se usa para escrever as pequenas coisas? A companheira das primeiras letras querendo ser ao menos fiadora dos últimos textos.
O mundo digital tomou de assalto quase tudo que é gerido com elegância. Com vagar. Com paciência. Com rabiscos. Sem pedir licença.
Uma caneta. De presente. Desejosa de que o uso de agora valha a marca para o futuro. Mesmo que seja o registro de um passado.
O que se escreve à mão parece sair com mais verdade, com mais cheiro de certeza, com mais fragrância de sentimento. Exalando mais sutileza. Tocando com mais sensibilidade o coração de quem lê.
* Professor e jornalista
P.S: Texto escrito à mão. Sem a elegância britânica. Mas com a companhia da Crown. Gravada no objeto para não se apagar no coração.
Homenagem à equipe da Escola Municipal Paulo Cavalcante de Moura, com a gratidão de quem recebeu um grande e inesquecível presente.