Veja o que está em jogo nos recentes embates entre Allyson e Lawrence Amorim

por Ugmar Nogueira
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As diferenças entre o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil) e o presidente da Câmara, Lawrence Amorim (PSDB) sempre foram motivos de matérias e repercussão na imprensa livre.

Quem acompanha com um mínimo de discernimento e isenção o cenário político mossoroense via que a parceria entre os dois não era equilibrada. Allyson sempre teve na Câmara uma grande proteção ao início de discussões de temas caros à sua gestão.

Comedido, Lawrence trata as coisas com republicanismo. Sabe que nem sempre partir para o confronto é o caminho mais recomendado. A forma discreta, fiel e segura com que Lawrece conduz o Legislativo sempre foi muito vantajosa para Allyson.

Embora seja importante essa relação entre os dois poderes, na política, é importante que se reconheça quem são seus parceiros. O prefeito nunca o fez. Pior: fingia que reconhecia. Dizia em público que estava bem com Lawrence e, nos bastidores agia – e age – para tirar o vereador do caminho.

Os achaques do prefeito contra o presidente ficaram mais fortes depois que pesquisas apontaram que a presença de Lawrence na disputa a prefeito reduz as chances de Allyson. Coloca o seu favoritismo no chão. O deixa próximo da derrota.

Uma solução simples: ter o presidente da Câmara como seu candidato a vice. Bocudo, glutão, guloso e insaciável, Allyson não quer nem ouvir falar na possibilidade, embora a tenha prometido ao próprio Lawrence.

Allyson quer ser candidato a governador, tendo, para isso, que renunciar ao cargo de prefeito caso seja reeleito. Allyson não quer um substituto. Quer um preposto. Quer continuar mandando e desmandando.

Para isso, quer deixar no Palácio da Resistência alguém que seja tão imbricado com ele em tramoias que seja impossível que não seja ele o prefeito de fato. Kadson Eduardo caía como uma luva nesse propósito, se não tivesse caído antes por carregar nas costas o peso de uma condenação por falsificação de documentos.

Alllyson já tem o escolhido. Assim como também já escolheu o seu candidato preferencial à Câmara e quem ele quer ver presidente do Legislativo a partir de 2025. E na querela com Lawrence está o cerne da questão: Allyson quer escolher também com quem concorrer. E ele não quer concorrer com Lawrence. E se for inevitável isso acontecer, como parece que será, o prefeito age para vencer o jogo antes da bola rolar.

O jogo de Allyson, porém, não é limpo. “Lawrence é vítima de uma grande campanha difamatória”, assegurou o sempre equilibrado e atento vereador Tony Fernandes (Avante) também já vítima do rolo compressor governamental allysista a atropelar adversários. A trucidar quem pensa o contrário. A tentar dizimar quem denuncia os malfeitos que tem caracterizado a gestão Allyson Bezerra.

Nas jogadas desleais que Allyson protagoniza, asfixiar financeiramente a Câmara Municipal é a mais torpe delas. Porque atinge inocentes. Porque inviabiliza um poder. Porque coloca a opinião pública contra o Legislativo.

Na terça-feira, de forma orquestrada, a gestão Allyson Bezerra fez chegar à imprensa que a Câmara Municipal tem uma dívida milionária com a prefeitura. Sem maiores explicações. Sem dizer dos antecedentes. Sem anteceder qualquer reclamação do Legislativo sobre isso.

Porque, de fato, o que Allyson quer não é explicar. O que quer é todos a seus pés. Sob seus caprichos ou sob seu poder. Dizendo-lhe amém e amando seus desmandos.

O que ele quer é pregar em Lawrence a pecha de incompetente, de perdulário, de mau gestor dos recursos públicos. Vejam a ironia: o prefeito que gasta milhões com coisas inexplicadas querendo culpar alguém por alguns milhares conhecidos.

O prefeito que contrata com empresa fantasma, que paga milhões por doces e canapés, que faz o município pagar salários a gente condenada, quer condenar quem assume uma dívida antiga.

Com seu batalhão de jagunço midiáticos, Allyson quer fazer de Lawrence um candidato fraco, um oponente já abatido, um adversário enfraquecido. E isso já diz muito do que o prefeito pensa sobre uma hipotética disputa eleitoral com o presidente da Câmara. A bola ainda nem está em campo, mas Allyson age como se já tivesse comprado o VAR. Segue o jogo.

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