Mossoró é uma cidade de ilusão. Por aqui, as coisas verdadeiras e reais não dão um vídeo de cinco minutos. O que se vê nas redes sociais são maquiagens. O asfalto de 100 metros é filmado como se tivesse mil. Uma rua com piso intertravado é replicada como se fosse 100. É uma verdade ampliada sob a lente da mentira. Por aqui, quase nada funciona, mas a internet emociona.
Por aqui, as pessoas estão sendo afastadas do Centro. Os pobres estão sendo cada vez mais sendo levados para a margem.
Por aqui, o Mossoró Cidade Junina vive processo rápido de elitização. Não bastassem os camarotes, agora, até mesmo no piso haverá cobrança de ingresso. Ou se paga para o frontstage, ou se vai para o camarote. Aos que não puderem pagar ou não estiverem arrumados o suficiente para aparecer na fantasiosa propaganda oficial, resta o Arraiá do Povo. Nome pomposo para espaço segregador.
O comércio popular, que se misturava com as grandes lojas, foram obrigadas a ir para uma favela comercial, um gueto de pequenos quiosques que não cabe quase nada. Neles, ou se bota a mercadoria ou se entrar. Os dois não dá.
Mas o imponderável acontece. De um jeito diferente. Mostrando, o que de fato, acontece fora dos holofotes. Foi assim que simpáticos suínos dominam a cena do centro da cidade. Leves e fagueiros. Livres e felizes. Dominantes. Ocupando um espaço que deveria ser dos humanos. Sintomático.
Sugerindo reflexões. A cidade está tomada por porcos. Emporcalhada por suspeitas?. Enxovalhada de corrupção? Manchada por denúncias? Enodoada por irregularidades?
Uma certeza: não são os afáveis porcinos que estão causando vergonha à cidade. A sujeira que nos mácula não é produzida por eles. Não são eles que estão nos colocando no mapa da desonestidade. A esperança é que a Justiça passe tudo a limpo.
