A senadora Zenaide Maia (PSD) está começando a provar, na prática, como o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil) trata os seus aliados. Somente essa semana, a senadora levou dois “cantos de carroceria” do gestor mossoroense. Nã foi por falta de avisos. E, certamente, vai levar mais.
Além de ter sido chamada de mentirosa pelo próprio prefeito, Zenaide viu José Agripino, mentor político de Allyson, dizer em alto e bom som que ainda não é hora de falar de alianças, num claro, direto e proposital aviso à senadora.
Zenaide, como política experiente que é, sabe qual o grande objetivo do prefeito de Mossoró em tê-la em seu palanque. Além de tentar tirar os votos governistas entre os eleitores da senadora, Allyson quer usar Zenaide para tentar “limpar a imagem” com o eleitor lulista.
Extremista, bolsonarista, manipulador e antipetista, Allyson sabe que esse perfil (principalmente de antipetista), num Estado nordestino tem poucas chances de emplacar. Principalmente agora, com o bolsonarismo em baixa.
As mais recentes pesquisas deram um banho de realidade em Allyson: Lula é o grande eleitor do Rio Grande do Norte. Não sem razão, o pré-candidato governista ao Governo do Estado, Cadu Xavier, ao ter seu nome associado de forma direta a Lula e Fátima, subiu nas pesquisas. Além disso, pesquisas realizadas em pelo menos 20 cidades potiguares mostraram o quanto Cadu tem potencial para crescer.
Esse cenário força Allyson a ter que ter em seu palanque um nome com viés mais progressista e ligado ao eleitor de esquerda e, principalmente, a Lula (de cujo governo a senadora é vice-líder no Senado). Zenaide é esse nome. E é por isso que Allyson a cortejava politicamente, embora já comece a dar sinais de que talvez ache que não precise tanto assim dela.
Zenaide tem a chance de ficar onde nunca deveria ter saído, principalmente para ficar ao lado de quem, sabidamente, descarta os aliados, os trai e os abandona, como Allyson fez com Lawrence Amorim, Tony Fernandes, Fernandinho das Padarias, Styvenson Valentim e Rogério Marinho (para ficar apenas nesses).
Ocorre, porém, que em política, o tempo não corre tão devagar quanto alguns pensam. E nem todos estão dispostos a esperar que o tempo corra, mesmo em alta velocidade. Sendo assim, Zenaide precisa decidir seu destino. Ou responde ao governismo e reafirma sua disposição de continuar sendo progressista, e eleitora de Lula, ou pressiona Allyson a decidir se, de fato, a quer ao seu lado.
A demorar a decidir por uma dessas vias, Zenaide corre o risco de ficar sozinha.
João Maia, irmão de Zenaide, já agiu de forma pragmática, Desembarcou de mala e cuia no governo Allyson. O deputado acredita que o prefeito vai vencer as eleições e quer ter seu carimbo nessa hipotética vitória. Já deu seu preço e a fatura já está sendo paga. Zenaide, por enquanto, está entre a cruz e a espada.