La´está ele. No meio da multidão. Entre muitos com os quais não concorda. Entre tantos dos quais tem ojeriza. Mas está la. A indumentária indefectível fedendo ao sol. Não quer a concordância retórica, deseja apenas o sim eletrônico.
Mas quer também parecer. Diverso, democrático, plural. Mesmo que não aceite nada do que está ali. A fé de nenhum dos que estão lá. A crença de ninguém. A religião de nenhum. Mas quer parecer respeitoso, tolerante.
O fingimente dá asco, provoca nojo, gera aversão. Mas ele não liga. Não importa o que os outros sentem, mas o que ele quer, almeja, deseja.
Tem carisma de sobra, é verdade. Mas essa é uma virtude comum aos psicopatas. Nem todos que a tem são psicopatas. Mas todo psicopata a tem.
O olhar de psicopata, numa multidão, não é de contemplação, é de busca. Dos olhares que o olham. Essa necessidade que os doentes tem de serem vistos. Essa urgência de ser notado.
Não olha para ninguém porque não importa ver, interessa ser visto. Ter o ego alimentado. Mesmo que para isso precise estar onde jamais gostaria. Onde nunca desejaria.
O psicopata atinge o objetivo. Ainda maior do que a sua psicopatia sonhava. Que sua mente doentia imagina. Chegou longe, mas quer ainda mais. Mesmo que precise enfrentar ritos que não aprecia, apreciar coisas que não gosta. Até mesmo imagens de santos. Misericórdia.


