Ugmar Nogueira
A um ano das eleições para o Governo do Estado, o cenário político potiguar aponta para a existência, até agora, de apenas um nome forte para a disputa: o da professora Fátima Bezerra (PT) que deverá tentar a reeleição.
Alguns fatos e situações ajudam a explicar porque isso acontece. O contexto político atual mostra que a oposição, que tanto luta para emplacar uma pré-candidatura, patina entre estratégias ruins e nomes fracassados.
A literatura política tem algumas explicações para isso. A primeira delas é que o fracasso da oposição em deflagrar o processo eleitoral antecipadamente reside no fato de que a gestão é forte, tem ações, obras, projetos e programas. Com isso, inviabiliza á construção de uma narrativa, pelo grupo opositor, que sirva para sustentar uma candidatura futura.
A gestão solidifica sua atuação por ter organicidade, o que resulta em ações concatenadas cujos resultados são sempre mais expressivos porque fruto de duas ou mais atividades. Exemplo disso ocorre, por exemplo, na segurança, onde os investimentos são centrados na valorização do pessoal, no aumento do efetivo, na aquisição de materiais e equipamentos e em inteligência.
Na seara política, além de contar com uma base de sustentação bastante qualificada na Assembleia Legislativa, a governadora Fátima Bezerra pertence a um partido que conta com diretório em quase todos os municípios do Rio Grande do Norte. Em todos os recantos do Estado há sempre uma voz com motivos para defender o governo e mostrar as ações dele. Não somente pela identificação partidária, mas pelo fato de ser um governo popular, progressista, democrático e com uma pauta que privilegia a todos em geral, mas aos mais necessitados de forma especial.
Uma das estratégias realizadas pela oposição – e fracassadas até agora – tem sido colocar na imprensa novos nomes quase que diariamente. Os principais caciques dos grupos que compõem a oposição não tem demonstrado coragem de enfrentar Fátima e, com isso, lançam pré-candidatos a rodo. Nenhum tem agradado ao eleitor.
O ex-deputado Henrique Alves iniciou uma peregrinação pelas festas das padroeiras e casamentos de amigos e familiares. Mesmo sendo uma figura bastante conhecida e liderança consolidada, o filho do cigano feiticeiro (ex-ministro Aluízio Alves) não conseguiu ainda emplacar sequer uma candidatura a federal.
O deputado federal Benes Leocádio, liderança da região central do Rio Grande do Norte, vem sofrendo para se consolidar como um pré-candidato ao governo estadual. Até agora carrega o peso de ter votado em todas as pautas de Bolsonaro, inclusive na mais recente, quando votou na PEC que permite ao governo federal dá calote na educação.
O ministro Fábio Faria, das Comunicações, não consegue viabilizar a sua reeleição para a Câmara Federal e criou uma expectativa junto ao eleitor de que seria candidato ao Senado. Não tem passado de 3% de intenções de votos, demostrando total fragilidade nesse pleito que se aproxima. Sabedor da inviabilidade de tal pretensão, se apega agora à pauta bolsonarista com unhas e dentes na esperança de ser escolhido como vice na chapa a ser encabeçada por Bolsonaro. Fábio carrega nas costas o peso da péssima administração do pai, ex-governador Robinson Faria (PSD). Além de raspar o tacho do fundo previdenciário, Robinson deixou o Estado em uma grave crise financeira e fiscal. Só com os servidores, o ex-governador deixou uma dívida de R$ 1 bilhão.
O também ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) é o responsável por quase toda pauta destruidora de direitos tocada pelo governo Bolsonaro. Mesmo tendo em mãos a bilionária verba do orçamento secreto, levando equipamentos e obras eleitoreiras a vários municípios potiguares, vem capengando nas pesquisas. Nem mesmo a disputa fratricida com Fábio pela preferência do Planalto na disputa ao Senado o fez crescer junto ao eleitorado.
Não tem gasto de verba pública que consiga fazer com que os potiguares embarquem em qualquer projeto político de Rogério Marinho. O eleitor norte-riograndense não esquece da herança maldita da Reforma Trabalhista, relatada por Rogério Marinho quando era deputado. A sua não-reeleição à Câmara em 2018 é uma prova disso. Para completar, o Supremo Tribunal Federal (STF) está de olho na distribuição irregular de dinheiro feita por Bolsonaro aos deputados e auxiliares. Rogério Marinho é quem mais tem gasto verba do tal orçamento secreto (eufemismo para desvio de dinheiro público).
Já Carlos Eduardo, mesmo sendo um político experiente e com boas administrações à frente da prefeitura de Natal, vem sofrendo para se firmar como pré-candidato. Com um modelo analógico de administrar, Carlos tem tido dificuldade de afirmar como ele vai fazer para dar continuidade as boas mudanças que estado vem passando. Em suas entrevistas e declarações à imprensa, demonstra pouco conhecimento do Estado, e não se coloca como a adversário da atual governadora Fátima.
Uma outra ala da oposição tenta colocar o nome de Brenno Queiroga (solidariedade) como pré-candidato. Auxiliar da gestão do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, do mesmo partido, Queiroga foi prefeito de Olho D´Água do Borges entre 2012 a 2016. Com elevada rejeição, não conseguiu se reeleger em 2016.
Enquanto a oposição fracassa com esses nomes e tentativas infrutíferas de impingir insucesso à gestão estadual, o governo Fátima segue desenvolvendo um grande programa de recursos hídricos, investindo na educação, na recuperação de rodovias e pagando as folhas salariais em atraso deixadas pelo ex-governador Robinson Faria. Some-se a isso o fato de estar conseguindo recuperar a saúde financeira e fiscal do Estado, o que o coloca na rota dos grandes investimentos. Há muitos outros grandes feitos do governo. E são eles que explicam parte da anemia dos propósitos oposicionistas.
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