*  Márcio Alexandre

 

O ex-jogador Ronaldo Nazário, o Ronaldinho, comprou o Cruzeiro. Manchete estampada em jornais. Notícia em todos os meios de comunicação possíveis. De rádio AM aos multiplataformas. Trata-se, não só de um fato, mas de um fenômeno. De outros lugares, que chega por aqui.

Em meu pensamento veio um grande questionamento: compra-se uma paixão? Sim, um time de futebol é uma das coisas que mais movimentam o sentimento da imensa maioria das pessoas no mundo. De quase todos os brasileiros.

Embora o resultado nas competições seja hoje em dia cada vez mais consequência da (boa) gestão, para a maioria do torcedor pouco importa quem esteja no comando da burocracia do clube. Nas piores das crises de resultados, sempre sobra para o treinador. Vez por outra para algum jogador. Dificilmente se volta a ira contra os dirigentes.

O esporte bretão, surgido, para usar uma expressão de Nelson Rodrigues, “aos 45 minutos antes do nada”, tomado por empresários milionários. O desejo de muitos decidido pela vontade de um. Que quer lucrar. Que quer ganhar. Não títulos, mas dinheiro.

Um elemento da paixão nacional ao sabor do ego solitário. Do mandonismo individual. Da ganância de quem já tem muito.

A onda agora é clube-empresa. Deixa-se de torcer por um distintivo para torcer por uma marca. De um escudo por um design. De um uniforme por uma farda. De um mascote por um garoto-propaganda.

Perdoe-me o lirismo. Desculpem-me a brejeirice. Relevem o romantismo. Mas futebol, para mim, só existe como paixão. O Cruzeiro o é para seus torcedores. E paixão, não se troca. Muito menos se vende. Paixão se vive.

 

* Professor e jornalista

 

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