* Márcio Alexandre

 

Quase todos já sabem. Quase todo mundo tomou conhecimento. A maioria significativa condenou o ato medonho. Alguns, por conveniência ou por pura identificação, preferiram calar. O silêncio da vergonha. Da impunidade. Do escárnio. Da crueldade.

Não vi o vídeo. Não por puritanismo, mas por acreditar que não me faria melhor. Só a descrição do fato por quem o assistiu já foi suficiente para eu perceber o quanto foi horrendo, inescrupuloso, criminoso, vil e putrefato. Trata-se do fato ocorrido em Portalegre, em que um comerciante tortura um negro.

Um homem, bêbado, amarrado, arrastado por via pública. Surrado, chutado, escarnecido. Não importa o que tenha motivado a reação do agressor, qualquer vingança é repudiável. Com a vítima indefesa, torna-se barbarizante.

Os chutes da insensatez. As pancadas da desumanidade. Os murros da insensibilidade. Uma pequena plateia acompanha. Alguns poucos reclamam. A maioria, inerte, silenciosa, cúmplice, como que a concordar com o absurdo. Nos levando ao ceticismo sobre nossa condição humana.

Inaceitável a tortura. Inconcebível que entre os que assistiam a horripilante cena não houvesse que tentasse, de forma enérgica, pelo menos impedir. Não há empoderamento dos maus sem que haja conivência dos que se dizem bons. A omissão, como nos mostrou da pior forma o citado episódio, ajuda a naturalizar a barbárie. Quando um sofre e muitos calam, todos morrem. Como estamos regredindo!!!

 

* Professor e jornalista

 

Nosso e-mail: redacaobocadanoite@gmail.com

 

One thought on “A omissão ajuda a naturalizar a barbárie

  1. Nunca um ato assim deve ser considerado poder,alguém que aje assim nunca pode ser visto como grande.Como diz o artigo/a matéria , o mal cresce a medida que o alimentamos, do mesmo jeito o bem. Então, por que não nutri- lo com bons pensamentos e ações do bem?Cresce e repercute, se o fizermos por , pelo e para o bem.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

De Volta ao Topo