Márcio Alexandre

 

A gestão Allyson Bezerra (Solidariedade), acertadamente, está envidando todos os esforços para realizar um grande Mossoró Cidade Junina. Para isso, está destinando milhões na preparação do evento, na reforma de equipamentos e na contratação de atrações. Tudo a peso de ouro. Não fossem os valores absurdamente inflacionados, restariam somente palmas.

Apenas para a montagem da estrutura do Mossoró Cidade Junina estão sendo destinados R$ 12,6 milhões. Serão outros 3,6 milhões para os chamados artistas nacionais. Também estão sendo investidos mais de R$ 3 milhões para a reforma da Estação das Artes, além de quase R$ 2 milhões na Reforma do Teatro Municipal Dix-huit Rosado.

Serão, portanto, investidos cerca de R$ 20 milhões para que o Mossoró Cidade Junina aconteça. Tirando a suspeita de superfaturamento, é um investimento que a cidade precisa e o evento merece.

Mossoró não merece, porém, que em detrimento da política de pão e circo, a gestão Allyson Bezerra trate a educação e a cultura local com migalhas. Quase esmolas. Às vezes, nem isso.

É o que ocorre, por exemplo, com a Feira do Livro de Mossoró. Por ignorância, incompetência ou vingança, a gestão Allyson Bezerra se recusou a investir simbólicos R$ 300 mil para que a prefeitura fosse parceira do evento literário. Metade do principal cachê a ser pago a apenas uma das atrações do Mossoró Cidade Junina. Ressalte-se: nenhum centavo desse dinheiro seria para patrocínio. A verba seria revertida integralmente na aquisição de livros para os professores e para as escolas.

Mas os defensores do indefensável devem dizer: ah, mas não se sabia se a feira iria acontecer. Ah, mas não se imaginava que quando ocorresse ela fosse presencial. Ah, mas há coisas mais urgentes (usem a imaginação e potencializem toda a ironia que conseguirem).

Mas a feira voltará a acontecer porque, como imortalizou Guimarães Rosa, aquilo que tem que ser tem muita força. Calhou de a Feira do Livro voltar esse ano. Voltar com força. E voltar para acontecer na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Voltou no ano em que a secretária municipal de Educação é uma doutora em Estudos da Linguagem. Dessas ironias do mundo: antes de assumir a secretaria, a professora-doutora Hubeônia Alçencar era a diretora da Faculdade de Letras e Artes (FALA). Uma das unidades acadêmicas, imaginem só, da UERN. Letra certa escrita pela força do acontecimento.

A negativa de Allyson é o obscurantismo operando com a força da maldade. O endosso de Hubeônia é uma escatológica escarrada no próprio currículo. A educação de Mossoró não merece uma dupla que trata a leitura com tanto desprezo, a literatura com tanta mesquinharia, a arte com tanto desdém. Ignorância a um custo altíssimo para a cidade.

 

* Professor e jornalista

 

P.S: a prefeitura segue se negando a informar à imprensa, notadamente ao Blog Na Boca da Noite, por quais razões a gestão municipal declinou de ser parceira da Feira do Livro. Cobramos hoje mais uma vez essa resposta. Seguiremos cobrando. E publicaremos quando nos informarem.

 

One thought on “Allyson e Hubeônia: o preço da maldade e o custo da ignorância

  1. Pois diga! E é por que o prefeito alegou que teve sua vida transformada pela educação! Imagina só.

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