BLOG NA BOCA DA NOITE – Vereador, porque o senhor deixou a base de apoio ao prefeito Allyson Bezerra?

TONY FERNANDES –Eu não pertenço mais à base de sustentação do governo Allyson na Câmara Municipal pelo simples de fato de que eu não posso ser subserviente à gestão alguma. Acho que o papel do vereador é a agir com independência, o papel do vereador é fiscalizar, o papel do vereador é legislador. Então quando você tem uma relação que lhe puxa para você ter a todo tempo essa falta de independência, e essa submissão, automaticamente vai prejudicar o trabalho do vereador. Exemplo disso são os projetos que chegam na Câmara Municipal em poucos dias, como agora aconteceu com a suplementação de um recurso orçamentário de R$ 183 milhões, e que chegou numa quinta-feira à noite com mais 3 projetos nomes inclusive, com o reparcelamento da dívida do Previ, e na segunda-feira já teve sessão extraordinária para a gente analisar esses projetos. Um deles, que era o da suplementação, tinha 317 páginas, com os anexos. Então é humanamente impossível o vereador ter um trabalho eficaz, um trabalho em que ele realmente saiba o que está aprovando.

BLOG NA BOCA DA NOITE – Como o senhor se posicionou em relação a essa questão?

TONY FERNANDES – Então eu fui contra ao projeto da forma que veio. Eu fiz um desafio aos demais vereadores que estavam aprovando perguntando se eles realmente sabiam o que estava ali e eles não saiam. Então esse conhecimento dos projetos não tem acontecido porque falta essa independência. Trocam-se apoios por cargos em comissão, por não sei o que, mas a dificuldade, quem passa por isso, é a população, ter um vereador ali preso apenas balançando a cabeça para o Executivo em todos os projetos, para o que ele disser, sem questionamentos. Não estou dizendo que o governo vai falhar em tudo ou vai acertar em tudo, acho que é justamente esse equilíbrio de buscar ver o que está errado e elogiar o que está correto. Eu nunca deixei de aprovar de ser a favor de nenhum projeto que veio em benefício da população. Agora projetos que a gente entende questão obscuros, projetos que não estão claros, que tem uma pegadinha, que tem uma casca de banana para prejudicar o servidor, como aconteceu com o projeto dos professores, a gente não pactua. A nossa posição é de independência sim.

BLOG NA BOCA DA NOITE – Nas eleições municipais o eleitor quis mudança. Estamos no décimo sexto mês da gestão Allyson Bezerra. Como você classificaria essa gestão até agora? Ela trouxe algo de novo?

TONY FERNANDES – Eu tenho visto um esforço muito grande, eu sou realista, que tem alguns avanços importantes, um deles é o hospital psiquiátrico, que realmente teve um resultado importante naquele momento já que não é o ideal, mas teve esse avanço. A gente observa que os secretários realmente estão interessados em mudar, em fazer, em correr trás. A gente observa que tem uma vontade política de se fazer, mas em vários aspectos continua, infelizmente, mais do mesmo. Principalmente a relação com a Câmara Municipal. Na Câmara Municipal, se o vereador for contrário a projetos do Executivo, se fizer qualquer crítica, é tido como inimigo da gestão, então o modus operandi é o mesmo da ex-prefeita Rosalba Ciarlini (PP). O tratamento político com aliados, o tratamento político com a Câmara, eu acredito que a gente não teve nenhum tipo de avanço. A gente pode ter algum avanço em relação à administração, em relação a alguns serviços, mas que ainda deixa muito a desejar, mas a gente não pode forçar a barra com um governo que tem apenas um ano e 3 meses. Mas em relação à questão política, em relação a conversar e abrir diálogo com servidores, por mais que eles aleguem que tiveram várias reuniões, a gente também vê um posicionamento bem contrário ao servidor público. Exemplo disso é que 15 categorias estão em greve em Mossoró e por mais que se diga que tem o diálogo, senta com o sindicato, mas não resolve a situação. Não trem resolvido essa situação. Então também a gente vê esse prejuízo, esse problema com os servidores públicos, assim como aconteceu com a gestão anterior. Então, nesse aspecto, está caminhando para ser a mesma coisa.

Outro aspecto, que é o político, a relação com a Câmara Municipal continua a mesma coisa como era na gestão de Rosalba, que tem que ser um puxadinho, se não for um puxadinho, é inimigo do Palácio. Agora é assim: o vereador que não disser amém aos projetos do palácio e se não bajular o palácio, automaticamente é inimigo do palácio. Então esse tipo de política eu não concordo. Isso, para mim, não é mudança.

BLOG NA BOCA DA NOITE – ainda podemos dizer que você é pré-candidato a deputado estadual?

TONY FERNANDES – Com certeza. Não abrimos mão nenhum moimento da nossa pré-candidatura. Inclusive tivemos várias investidas para que a gente viesse a desistir, mas não desisti, fui até o fim. Inclusive, eu queria um espaço dentro do partido, que era a legenda. Posteriormente eu pedi a carta pedindo para sair já que eu estava me sentindo sem espaços dentro do partido, mas eles não me deram, mas me garantiram, através do presidente do partido, o Janiel, a legenda para eu disputar dentro do Solidariedade..

BLOG NA BOCA DA NOITE –  Semana passada correu a informação de que o prefeito teria exonerado de alguns cargos pessoas ligadas ao seu mandato. O senhor confirma isso?

TONY FERNANDES – Não, não procede. Algumas pessoas que o prefeito inclusive chegou a pedir para ajudar a gestão eu pedi para sair da gestão. Alguns saíram, outros continuaram, ficaram no caso no grupo do prefeito. São pouquíssimos que estavam. Foi justamente para ajudar a gestão naquele moimento que o prefeito pediu para ajudar na administração, e eu deixei bem claro para todas essas pessoas, que nosso alinhamento político não é com a prefeitura, é com a independência. Não é com o grupo da oposição ,também, não é com oligarquias, como estão mentindo por aí, tem alguns grupos espalhando fake News dizendo que a gente está com grupos que ´passaram por outras gestões, isso não é verdade. Não abro mão da nossa independência. Sou independente e vou continuar independente na Câmara Municipal por entender que é a melhor posição para um vereador se portar ao longo do mandato.

 

BLOG NA BOCA DA NOITE – Um blogueiro disse que o esposo da ex-prefeita Rosalba Ciarlini estava por trás do grupo Diálogo e Respeito. Tem alguma aproximação nesse sentido?

TONY FERNANDES – Não tem nenhuma aproximação. A única vez em que me sentei com Carlos Augusto foi em 2013, numa greve da Polícia Militar, quando a então governadora era Rosalba e a gente teve uma negociação para reajustar os salários dos policiais e conseguir a ascensão desses policiais. Então nunca sentei nem com Carlos Augusto, nem com Rosalba nem com ninguém. Acho que isso é uma tática de quem está desesperado na política, de quem perdeu uma fatia da Câmara Municipal, justamente por falta de habilidade política, no caso as perseguições que acontecem a alguns vereadores que não balançam a cabeça todo tempo, e começam a cri fake News. Então isso não é verdade. As pessoas que me conhecem, que conhecem a minha história, que já vem de muito tempo, há 15 anos eu luto dentro da cidade de Mossoró, pela segurança pública e nos movimentos sociais, então a gente não abre mão de falar a verdade, e não é uma mentira, uma fake News que vai fazer com que nossa imagem chegue a perder a credibilidade. Acho que o que eles estão tentando é fazer isso.

BLOG NA BOCA DA NOITE – A sua aproximação com o prefeito era uma das mais bonitas possíveis. Você poderia elencar alguns elementos que tonaram essa relação ruim, conflituosa?

TONY FERNANDES – Foram dois momentos, em que foi tanto o político quanto o administrativo. A gente teve o político quando teve a recusa da legenda em Mossoró, a gente sentiu, a gente teve o convite para não ser candidato a deputado estadual. Não achei elegante, já que fui o vereador mais votado do partido, o quarto mais votado da cidade. Meu nome aparece em todas as pesas. Então acho que não foi bom para o grupo esse pedido para que eu recuasse da pré-candidatura. Esse foi o primeiro ponto. O segundo ponto foi a aliança com Fábio Fabia (PL), então foi outro desgaste político porque a gente não foi consultado. Os vereadores do Solidariedade não tiveram essa consulta prévia, somente fomos convocados para essa reunião que já foi para anúncio do então apoio a Fábio Faria, que seria candidato ao Senado e que agora não é mais. Houve esse atrito. E para finalizar, a reforma da previdência municipal, que foi o problema administrativo. Quando a reforma da previdência chegou na Câmara Municipal queriam já votar com 8 dias, a gente não teve tempo de analisar e muito menos de consultar os sindicatos para fazer as emendas necessárias para diminuir esse impacto para os servidores, e daí eu disse que não iria aprovar a reforma com aquele prejuízo todo ao servidor público. Então o primeiro embate foi quando a gente formou um grupo de vereadores, que é justamente o Diálogo e Respeito, para que a gente pudesse convocar os sindicatos e associações, para que a gente diminuísse esse impacto para o servidor. E foi justamente o que aconteceu: a gente conseguiu parar essa pauta porque eles não tinham os 16 votos e a gente parou a pauta, travou a pauta, a reforma da previdência foi travada, o prefeito teve que chamar para uma reunião os vereadores e os sindicatos e posteriormente foi criada uma comissão. A gente levou esse sindicato e associações para a mesa de negociação, para analisar ponto a ponto a reforma, que até então era muito prejudicial ao servidor e a gente conseguiu 11 emendas que garantiram uma melhoria para diminuir esses impactos para os servidores. A gente conseguiu implementar 11 emendas e daí começou o desgaste administrativo. O palácio entendeu que o bloco Diálogo e Respeito foi contra uma decisão suprema, impositiva, do Executivo, que tinha que aprovar a reforma a qualquer custo, do jeito que veio e não é esse o papel do parlamento. O papel do parlamento é analisar a proposta e buscar alternativas para melhorar as condições para nosso povo, buscar o equilíbrio entre a vontade do Executivo e a vontade do sindicato e das pessoas. Foi justamente o que eu fiz e tenho muito orgulho de ser o líder do bloco. Tenho muito orgulho de andar na rua, de andar num posto de saúde, de andar nas escolas, e dizer à população: olha, eu lutei por vocês, eu lutei para que vocês não tivessem uma reforma da previdência pior do que já está aí.

BLOG NA BOCA DA NOITE – O prefeito agora diz que vai apoiar Rogério Marinho (PL). O senhor permanece com o mesmo pensamento: com Rogério Marinho também não dá?

TONY FERNANDES – Acredito que a gente precisa conversar, precisa analisar. Mas já tem um problema muito sério com Rogério Marinho, já que ele foi um dos precursores da reforma trabalhista. Eu estive na rua contra a reforma trabalhista, eu acredito que a reforma trabalhista foi um retrocesso para nosso povo. Inclusive aumentou consideravelmente a informalidade, aumentou consideravelmente o desemprego no país quando se dizia que a reforma trabalhista iria trazer emprego, ia trazer renda, ia trazer o desenvolvimento do país, e foi o contrário, então é preciso analisar com calma, cautela, quem serão os candidatos, e eu sinceramente, não analisei.

BLOG NA BOCA DA NOITE – Na época do anúncio do apoio a Fábio Faria, o prefeito anunciou que Mossoró estava recebendo, através do ministro, um pacote de obras e verbas no valor de R$ 16 milhões, e que o dinheiro já estava empenhado, já estava na conta. Anunciou que Rogério Marinho estava trazendo R$ 44 milhões. Isso é verdade? A Câmara Municipal tem acesso sobre a chegada desses recursos. Já foi feita alguma licitação? Já se tem algo feito com esses recursos?

TONY FERNANDES – O que eu posso dizer é que a gente não sabe exatamente como serão aplicados esses recursos, não sabe exatamente se esses recursos chegaram na conta do município, mas uma coisa eu sei: as várias emendas que estão na conta do município não estão sendo utilizadas. Um exemplo disso é a emenda da deputada Isolda Dantas (PT) para o castramóvel, que já tem o recurso há muito tempo, o dinheiro está lá por muito e muito meses e ninguém resolve nada, ninguém fala nada. Inclusive tem outras emendas que chegaram para manter o castramóvel e que esse castramóvel não saiu. A gente tem uma preocupação muito grande porque não adianta só mandar o recurso: tem que ser aplicado. Se não aplicar o recurso, não vamos ter resultado para o povo, só mais uma mídia.

 

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