Iniciado nesta quarta-feira, 8/5, o Congresso Regional de Comunicação (Intercom/Nordeste) segue até amanhã, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com apresentações de trabalhos, mostra de filmes e premiações

A presente edição do Intercom Nordeste traz o tema ‘Comunicação em tempos de inteligência artificial: ampliação ou redução das desigualdades sociais’. O evento ocorre no Departamento de Comunicação Social (DECOM) da UFRN.

As atividades do congresso ocorrem no formato presencial, independentemente da greve dos docentes e técnico-administrativos.

Baseando-se no tripé Ensino, Pesquisa e Extensão, o Intercom Nordeste 2024 contará com apresentações dos Grupos de Trabalhos (GTs), Fórum Ensicom e Jornada de Extensão. Para uma maior aproximação do mercado de trabalho, o congresso conta com apresentações na Mostra de Oportunidades em Comunicação, bem como o oferecimento de diversas oficinas e workshops para os participantes. Além disso tudo, o evento promove o tradicional Expocom, que premia trabalhos experimentais produzidos nas disciplinas de cursos da área de comunicação.

O tema escolhido para a edição é importantíssimo para estudantes, pesquisadores e profissionais da área. O desenvolvimento de aplicações baseadas na tecnologia de inteligência artificial (IA) tem se popularizado de forma acelerada em nível global, impactando nas relações econômicas e políticas e alterando significativamente as dinâmicas das relações culturais e sociais.

Nas Ciências da Comunicação, o cenário é também de profundas transformações a partir do uso da IA no audiovisual, na comunicação organizacional, na publicidade, no entretenimento e no jornalismo. Sobre isso, estimativas indicam que entre 8% e 12% das tarefas dos jornalistas já são hoje desenvolvidas por sistemas automatizados (Cardoso e Baldi, 2021).

A criação cada vez mais comum de filmes e séries de TV baseada em dados e informações que os usuários fornecem aos proprietários das plataformas é outra tendência que se verifica em todo o mundo. Outro exemplo é a criação de setores específicos em redações de jornais para a produção de notícias automatizadas.

No contexto do Brasil, caracterizado por uma série de desigualdades estruturais, inclusive no acesso às tecnologias digitais, algumas questões devem ser analisadas com ainda maior importância. “Quem está sendo impactado negativamente por essas tecnologias?”. Essa é, para a pesquisadora Nina da Hora, a pergunta essencial no debate sobre ética e inteligência artificial. A autora alerta que “se os dados já historicamente carregam preconceitos, o programa [baseado em IA] reproduzirá esses preconceitos”.

O questionamento feito por Nina da Hora é bastante oportuno, especialmente considerando que, neste momento, está em tramitação no Congresso Nacional o Projeto de Lei 2338/2023, que “estabelece normas gerais de caráter nacional para o desenvolvimento, implementação e uso responsável de sistemas de inteligência artificial (IA) no Brasil, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais e garantir a implementação de sistemas seguros e confiáveis, em benefício da pessoa humana, do regime democrático e do desenvolvimento científico e tecnológico”.

Diante deste panorama, é indispensável o aprofundamento das reflexões e formulações sobre as implicações sociais e éticas das tecnologias de Inteligência Artificial como forma de antecipar e mitigar danos que, em sentido contrário, podem ser irreversíveis para o conjunto da sociedade, sobretudo as populações vulnerabilizadas.

Foto: Vinícius Siqueira

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