Uma frase atribuída ao saudoso político gaúcho Leonel Brizola alertava que quando os religiosos entrassem na política se mataria em nome de Deus.
Não há provas de que na prática isso já venha acontecendo embora seja inegável, em várias partes do país, a estreita relação entre o neopentecostalismo, o narcotráfico e muitos políticos.
Em Mossoró, se ainda não houve sacrifício de vidas, pelo andar da carruagem, infelizmente, não demorará a acontecer.
Desde que o prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) tomou posse, em primeiro de janeiro de 2021, que exercer o Jornalismo em Mossoró virou atividade de risco.
O gestor, amparado em alta aprovação popular, se recusa a agir republicana e democraticamente. Em suas falas, quase sempre coloca a opinião pública contra trabalhadores em geral e a imprensa em particular. Acrescente-se a isso o fato de muitos de seus auxiliares agirem como verdadeiros jagunços, intimidando quem quer que busque informações nos órgãos sob sua “vigília”.
O resultado disso é uma cidade tomada por escândalos e vivendo sob o signo do medo. Por aqui, o silêncio impera como recado aos que ousem investigar as irregularidades latentes da gestão municipal. Esse cenário ficou ainda mais tenebroso desde a noite da última segunda-feira, 20/10.
Naquela oportunidade, o jornalista Ronny Holanda, do blog Políticas do RN, foi sequestrado e espancado durante o exercício do seu ofício.
Ao invés de atender a Ronny, que buscava informações sobre o atraso na entrega de fardamento da Guarda Municipal, o secretário Walmary Costa, da Segurança Pública e Defesa Social, não só o atacou covardemente como o sequestrou. Auxiliado por um servidor da guarda, Walmary algemou Ronny, que relata espancamento covarde.
Típico de ditador, o secretário teria utilizado a estrutura pública para sequestrar um profissional e levá-lo, algemado , à delegacia, numa flagrante tentativa de inverter a ordem das coisas e a lógica dos acontecimentos.
Ronny Holanda acusa Walmary Costa e o sub Nilton de tê-lo agredido, algemado e levado-o à delegacia.
No Termo Circunstanciado de Ocorrência registrado contra o jornalista, o secretário-agressor alega ter sido desacatado por Ronny. Conhecedor da lei, sabedor dos trâmites e investido de um cargo público responsável inclusive pela integridade física das pessoas, Walmary deveria ter tido um mínimo de equilíbrio psicológico e controle emocional, sem os quais claramente demonstra despreparo para o importante posto que ocupa.
Mas tão preocupante quanto à falta de atributos de Walmary Costa para seguir exercendo a função de secretário de Segurança de Mossoró, está o silêncio da gestão municipal sobre o grave caso.
Passadas mais de 24 horas do ocorrido, a prefeitura de Mossoró não lançou sequer uma nota de sobre o ocorrido.
A situação se agrava sobretudo em relação ao ineditismo do caso. É a primeira vez na história de Mossoró que um jornalista no exercício do seu trabalho é espancado por gestores públicos.
Chama a atenção que o fato ocorreu num momento em que a cidade é governada por dois políticos religiosos. Allyson Bezerra e Marcos Bezerra são evangélicos e não se pronunciaram sobre o fato.
Que a afirmação atribuída a Leonel Brizola não se concretize em Mossoró. Mesmo que por aqui uma gestão tocada por “cristãos” esteja espancando jornalistas.
