Não foi com o habitual tom de voz alto usado para falar com a maioria dos vereadores governistas. Não foi com as ameaças de perda de cargos. Não foi o vereador que foi atrás. Foi de forma cândida, humilde e serena.
A ameaça de uma investigação nos nebulosos contratos milionários da prefeitura de Mossoró fez o prefeito Allyson Bezerra (União Brasil), do alto de sua autossuficiência, “descer do pedestal”.
A proximidade do retorno dos trabalhos legislativos (20 de fevereiro) e a crescente possibilidade da instalação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) fazem Allyson Bezerra “baixar a crista”. Os evidentes sinais de suspeição não tem deixado o prefeito ter paz. E para que isso seja possível, somente a certeza de uma maioria segura na Câmara Municipal para blindá-lo.
É por isso que Allyson Bezerra foi atrás de Ozaniel Mesquita (União Brasil). Embora do mesmo partido do prefeito, por questões circunstanciais, o vereador nunca declarou publicamente ser governista, embora, nos últimos dias, tenha votado numa matéria ou outra de interesse do Palácio da Resistência.
Com três vereadores governistas dando sinais de que podem abandonar o barco, Allyson se preocupa para recompor as possíveis futuras perdas. Importante ressaltar que para se protocolar um requerimento de uma CEI não é necessária a assinatura da maioria dos 23 vereadores que compõem a atual legislatura. Basta apenas a subscrição de um terço dos parlamentares.
Também preocupa o humor do presidente da Câmara Municipal. Lawrence Amorim até disfarça publicamente a insatisfação com os atrasos nos repasses dos duodécimos e a armadilha em que Allyson o colocou no caso do aumento dos salários dos vereadores e do prefeito. Reservadamente, no entanto, o sentimento é outro. A situação passou a preocupar Allyson ainda mais depois que chegou aos seus ouvidos que alguns assessores de parte a parte sequer se cumprimentam.
Hoje, Allyson tem 15 vereadores a seu lado, sendo que três deles podem deixar o governismo.
A oposição, por outro lado, conta com 7 parlamentares. Ozaniel, nesse momento, aparece como fiel da balança. Sua assinatura garantiria a instalação de uma hipotética CEI. Daí, explicada a candura, a gentileza do prefeito para com ele.
É nesse contexto que Allyson corre para ter maioria segura, fiel e disposta a suportar os desgastes da gestão provocados pelas suspeitas de fraudes, como no caso da licitação ganha pela empresa São Tomé Distribuidora, que tem toda a pinta de ser fantasma. Isso tem assombrado o Palácio da Resistência.
Não é a maioria na CMM que vai fazer ele se safar dessa. Quando Deus age, até a injusta justiça é justa. Vai pagar o preço bem alto.