Márcio Alexandre

 

Avenida Presidente Dutra. Mas poderia ser na Alberto Maranhão. Ou na Presidente Prudente. Quem sabe na Rio Branco. Ou em qualquer outro logradouro com um semáforo. Em todos os cantos, um sinal desse flagelo. É uma cena que tem se repetido. Uma situação que tem se multiplicado. Um problema que tem sido ignorado: pessoas passando fome. E pedindo esmola para a fome passar.

Com cartazes feitos em papelão velho, grita uma súplica: peço de ajuda para comprar alimento. Mais do que um pedido, um bramido. Uma invocação. Um peditório com cheiro de aflição. Um clamor com sabor de amargura.

O olhar famélico como uma certidão de desespero. A desesperança estampada no corpo franzino. A testa franzida como sinal de sofrimento.

Nosso cartão postal é um cartaz da pobreza. Nossa ação não pode ser apenas ignorar esses cartões. Não podemos achar normal que sejamos dois grupos: os com oco na barriga e outros do vazio no coração.

É preciso que o socorro aos que choram por causa da barriga vazia seja rápido e contínuo. É necessário que se deixe de usar a burocracia para deixar com dor os que só precisam de comida.

Já está passada a hora de termos um Fundo Municipal de Combate à Fome. Com recursos à mão. Para estendê-los a quem precisa.

É dever do poder público socorrer com pelo menos um pouco aqueles que não tem nada. Já há gente demais ignorando os que sofrem por falta de comida. Nunca foi tão urgente saciar essa fome.

 

* Professor e jornalista

 

Nosso e-mail: redacaobocadanoite@gmail.com

 

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