* Caio César Muniz

Pode até parecer estranho a quem acompanha o noticiário mossoroense, mas, acredite, o prefeito de Mossoró já foi um dirigente sindical, tendo presidido o Sindicato dos Servidores Técnicos da Ufersa entre os anos de 2016 e 2018.
Nestes dois anos, Allyson conseguiu fazer do espaço, um degrau para alcançar outros patamares simbólicos da política, chegando ao posto maior de chefe do Executivo local. Ou seja, aproveitou-se da estrutura sindical, esta mesma que hoje ele persegue e desrespeita.
Não fez bem ao jovem ex-sindicalista o assento à cadeira principal do Palácio da Resistência. Agora adornado com um chapéu de couro, coisa que ele nunca usara antes na vida, Allyson vestiu-se também de uma couraça só assemelhada aos ditadores e fez dos sindicatos e dos sindicalistas os seus principais inimigos. A alguns interlocutores, chegou a admitir que iria reduzir algumas destas instituições de classe a meros números cartoriais… e só.
Um a um, ele tem minado, desrespeitando cartas sindicais e representatividades, maltratando e perseguindo sindicalistas, utilizando-se do expediente de criar comissões paralelas, que, em tese, não representam parte significativa dos servidores, tendo em vista que não foram eleitos para isto e, legalmente, não tem papel de decisão.
Adula-os com gracejos cínicos, fotografias entre “murrinhos”, promessas que amansam e inflam alguns egos. Num futuro próximos, quando alguns retrocessos vierem à tona, amparados pelas suas conivências, mesmo diante do alerta dos sindicatos, voltarão às pressas para a sombra segura dos sindicatos. Joga-os uns contra os outros, que, envaidecidos, cegam e se dividem, enfraquecendo lutas e perdendo direitos. Mas, eles não têm culpa, quem vem de anos de fragilidade, engana-se com qualquer promessa vã. Allyson sabe disto.
Não respeita nada, nem ninguém. Não à toa, o próprio sindicato do qual foi dirigente repudiou seu comportamento avesso à luta de classe: “A Seção Sindical – SINTEST- UFERSA, vem a público manifestar sua solidariedade aos (às) servidores (as) municipais de Mossoró pelas sucessivas tentativas de retiradas de direitos historicamente conquistados empreendidas pela gestão do prefeito Alysson Bezerra ao mesmo tempo em que repudia a postura do atual prefeito de Mossoró, que ganhou notabilidade e projeção política à frente desta seção sindical, por sua falta de diálogo com trabalhadores e trabalhadoras do município”.
É de envergonhar a qualquer um, mas não a ele, o sindicalista anti-sindical, que segue a sua trajetória, de chapéu de couro na cabeça e chicote em punho, tentando acabar com cada sindicato, reduzí-los a meros números, como ele próprio prometeu. Mas isto me faz lembrar o “Poeminho do contra” do poeta Mário Quintana: “Todos esses que aí estão/Atravancando meu caminho,/Eles passarão…Eu passarinho!”
Passará, ah passará!

Jornalista e poeta

 

 
 
 

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