Candidato à Câmara Federal derrotado em 2018, o potiguar Rogério Marinho (sem partido) iniciou, de forma oficial, no último final de semana, uma jornada, que parece ser bastante longa, e pela qual pretende chegar ao Senado. Os desafios e dificuldades são enormes, proporcionais apenas ao entusiasmo e ao orçamento que ele tem em mãos.
Rogério Marinho fez um evento em Caraúbas que chamou a atenção pelo número expressivo de políticos presentes. Apesar de significativo, essa presença não deve animar muito o pré-candidato. Por uma razão muito simples. A maioria esteve lá muito mais interessada nas possibilidades de obras e serviços que o ministro pode oferecer do que propriamente pelo desejo dele de ser senador.
A despeito de ter se lançado como pré-candidato e ter realizado evento para atrair políticos, Rogério Marinho não tem sequer a garantia de que verdadeiramente será candidato. Ele disputa a vaga, no seio do bolsonarismo, com o também ministro (e também potiguar) Fábio Faria (PSD), das Comunicações. Sem as bênçãos do Palácio do Planalto, a caminhada se desenha ainda mais íngreme. E apenas um será ungido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Essa unção inclui também ter sob seu controle o uso político do gordo orçamento do Ministério do Desenvolvimento Regional.
Caso vença a renhida disputa com Fábio, surge o mais difícil desafio: argumentos para convencer o eleitorado. Rogério não poderá se colocar como alguém que se superou, pois vem de um insucesso eleitoral. Não terá como se mostrar como defensor da população e dos trabalhadores, principalmente, porque foi relator da mais violenta, nefasta e devastadora reforma já realizada até hoje no Brasil, a trabalhista. Essa reforma acabou com os direitos dos trabalhadores, com efeitos negativos sobre quase todos os brasileiros.
Rogério Marinho não poderá se colocar como o novo, afinal de contas é oriundo de oligarquias políticas. Se for apresentar discurso contra os ex-governadores, atingirá em cheio principalmente Robinson Faria (PSD), pai de Fábio Faria, e reconhecido como o pior governador que o Rio Grande do Norte já teve em toda a sua história.
Honestidade também é uma bandeira que não poderá ser levantada por Rogério Marinho, afinal de contas, os maiores escândalos da gestão do presidente Jair Bolsonaro passam sempre pelo seu ministério ou por órgãos ligados a ele. A compra superfaturada de tratores é apenas a ponta do iceberg que ficou conhecido como Orçamento Paralelo, eufemismo criado pela imprensa do sul para desvio de recursos públicos.
Por fim, ser candidato do presidente Bolsonaro será um peso enorme a ser carregado. A atual gestão federal poderá ser responsabilizada por cerca de 600 mil mortes, a inflação está nas alturas, o número de desempregados se aproxima de 15 milhões.
Homem de confiança de Bolsonaro, Rogério Marinho não terá como fugir dessas questões que, com certeza, estarão sempre presentes no discurso da próxima campanha. Os fatos postos levam à conclusão de que Rogério Marinho representa um conglomerado de coisas ruim que vem acontecendo de ruim no país. A luta promete ser inglória.
Nosso e-mail: redacaobocadanoite@gmail.com
Acho também que tudo isso não se afetará só ele e sim para todos que tenha o apoio de Bolsonaro