* Márcio Alexandre
Estão lá todas as autoridades. De terno ou tailleur. De social ou esporte fino. Sérios, compenetrados, sóbrios. Cenhos de preocupação. Semblantes contemplativos. Fisionomias de introspecção. Figurinos, posições e sensações que a hora exige. É um momento em que se busca explicações e solução para a fuga de dois criminosos.
Ao fundo a vergonha. Uma autoridade servindo de chacota. Inspirando piadas. Sugestionando memes. Apalermando uma situação séria. Atoleimando um instante seríssimo. “Papanguceando” a cena. Com todo respeito aos personagens carnavalescos.
Com um adereço que não homenageia ninguém. Ao contrário, açula o representado.
Um enfeite usado na hora errada, envergonhando o seu principal lugar de existência.
Um adorno usado apenas para construir um alter ego. Um atavio que enche de ufania a cabeça que ornamenta, mas que macula quem ele diz representar.
Somente psicopatas sentem-se confortáveis ao desempenhar papel tão extravagante. Segundo M. E. Thomas, pessoas nessa condição fazem qualquer absurdo sem atentar para a moralidade, sem sentir remorso e por egocentrismo extremo.
Somente lobotomizados não percebem que aquele alter ego pode trazer muitos dividendos a quem o encarna, mas é um labéu para a cidade. Em rede nacional.
* Professor e jornalista