* Márcio Alexandre
Quarta-feira, 18 de dezembro de 2024. Pouco mais de 9h de uma dessas manhãs em que o sol teima em queimar em dobro. Em uma loja em frente à Praça Rodolfo Fernandes, em Mossoró, se desenvolve a cena. Mágica.
Uma criança de cerca de 3 anos passeia com a mãe pelas lojas quando percebe a presença de um pedinte. Um senhor na casa dos 60 anos, sentado numa calçada recebe trocados dos transeuntes que tem o que dar e que se sensibilizam para dar o que tem.
A menina pede à genitora para se aproximar do homem e, numa atitude de pureza, faz a pergunta que faz mover os céus: “Posso abraçá-lo?”, pergunta ao senhor. O homem concorda e recebe o afeto. Segue-se ao gesto uma conversa que une gentileza, preocupação e cuidado.
A criança quer saber porque o homem está ali. Naquela situação de vulnerabilidade. Na condição de pedinte. Longe de casa e dos seus. Dependendo dos outros.
O homem conta que pede esmolas para ajudar nas despesas de casa, mantida apenas com sua parca aposentadoria. Em sua casa, estão sua esposa – que convalesce de um AVC – e um filho, que nasceu doente. A pequena ouve com a brandura que apenas os grandes de coração tem.
A cena chama a atenção e emociona. Muitos se aproximam para testemunhar o milagre do amor que nasce em meio ao improvável.
Enquanto a maioria vai e vem se se dar conta dos muitos que estão invisibilizados pela miséria, uma criança tem um gesto de grandeza. Que toca a todos. Que alegra a muitos. A memina é linda. Mas a beleza do seu coração é ainda maior. Dessas que fazem os milagres acontecer. Sem pressa, a gente vai perceber onde eles estão acontecendo.
* Professor e jornalista
Tocante! Fiquei emocionada! A pureza e bondade da crinça devia se estender para todos. É um gesto muito humano e empático!