* Márcio Alexandre
Viver numa cidade sob comando canalhocrata é um exercício diário de paciência. É ter equilíbrio para suportar os idiotas e analfabetos funcionais funcionando a favor do caos. Gente que bate em pai e mãe defendendo gestor sob pretexto de defesa da família.
É ter respeito por imbecis que nunca frequentaram um curso de digitação digitando inverdades nas redes sociais.
É aceitar babaquaras que não sabem diferenciar discurso de direto de indireto discursando em perfis digitais como se soubessem articular lé com cré. Gente que nunca leu um livro de receita achando que tem a receita para tudo.
É ver os órgãos públicos tomados por pessoas com nada por fazer nos locais de trabalho e trabalhando sabe-se-lá onde para defender o indefensável. E atacando quem trabalha.
É manter a fleuma ao ver paspalhos espalhando mentiras e querendo desqualificar as verdades que incomodam quem os paga. Com dinheiro público, lógico.
É resistir ao ser confrontado por picaretas que só sabem repetir o que agrada a quem os remunera.
É se indignar ao ver uma festa que deveria ser do povo sendo usada para se mostrar para o povo. Com anuência vergonhosa de quem, com cargos de alto escalão, deveria ter um mínimo de vergonha na cara.
É se equilibrar entre a necessária luta por seus direitos e a sobrevivência dos ataques feitos pelos integrantes dos gabinetes de ódio que se multiplicaram como ratazanas. Toupeiras a serviço do mal. Judas dos nossos tempos. Por trinta dinheiros, há gente capaz de tudo, até hoje em dia.
Em cidade sob comando canalhocrata, prefeito mente, descaradamente, secretário leva pito em público, gestor se promove em evento pago com dinheiro do povo, servidor aplaude retirada dos seus próprios direitos, pesquisas eleitoreiras viram peça de marketing, parte da imprensa se cala com absurdos e, absurdamente, muita gente acha que está tudo bem. Terra da resistência não resiste aos canalhas com poder. O que fizeram com ti, amada terra?
* Professor e jornalista