Um poderoso tudo pode? Pelo poder da Justiça, quem dela faz uso, pode tudo? Inclusive censurar?
Obedecemos pedido do Judiciário que nos determinou, em sede de liminar, que retirássemos do ar uma matéria que mostra que Allysson Bezerra (União Brasil) gastou quase R$ 14 milhões com publicidade entre 2021 e ano passado. No time dos contemplados estão o marido de uma secretária, um beijoqueiro, donos de perfis de Instagram e gente de quase todo o Rio Grande do Norte.
Chama a atenção as alegações feitas por Allysson Bezerra e acatada pela Justiça.
Diz o prefeito que o chamamos de ladrão, de que o acusamos de crime de peculato. Não vi no texto nenhuma referência a isso.
Questionamos sim, e repetimos aqui, qual a contrapartida que muitos dos beneficiados oferece. Ora, o marido da secretária tem um portal para falar bem de Allyson e recebe entre R$ 3 mil e R$ 4 mil todos os meses. Tem média de 100 acessos por dia. Os valores que ele recebe estão na planilha que constam de uma ação judicial. São oficiais e de domínio público. A audiência do blog estão na plataforma similarweb. Não dissemos nenhuma mentira. Não inventamos nenhum dado. Mas essa informação serviu para que Allysson censurasse-nos por meio de ação judicial.
Também na matéria que fomos obrigados a tirar do ar, perguntamos o que um dono de um perfil de Instagram oferece de retorno ao município para receber R$ 4 mil todos os meses. Não entendemos porque uma pergunta tão simples tem o condão de macular a imagem do prefeito.
Será que o pedido de censura é para evitar que continuemos a investigar e descubramos que os dados que constam no Portal da Transparência são diferentes dos informados à Justiça?
O dinheiro é do povo e quem pratica o verdadeiro jornalismo tem a obrigação de questionar. Estão querendo criminalizar o exercício desse importante ofício, instrumento imprescindível para a democracia?
Allyson usou outras duas ações dele contra nós para justificar o pedido de censura. Imaginávamos que ações judiciais distintas não se comunicariam. Mais: que atos persecutórios censatoriais não poderiam servir para justificar novo pedido de censura.
Mas enfim. O debate jurídico sobre a demanda em discussão estamos enfrentando no espaço específico.
Mas é preciso fazer o alerta aqui. Porque como meio de expressão da voz dos que não são ouvidos, não nos cabe aceitar calado que um dos poucos meios de combate à tirania que vige em Mossoró seja silenciado sem fazer o contraponto.
Allyson pode muito, mas não pode tudo. Mesmo que engane órgãos de controle, como faz.
Mossoró já esqueceu que o Ministério Público chamou a gestão “aos carretéis”, em audiência pública, porque estava usando recursos do FIA de forma errada? Ou que o Tribunal de Contas do Estado do RN provou que a gestão Allyson Bezerra manipulou dados orçamentários oficiais para conseguir um empréstimo milionário de R$ 200 milhões?
Não esqueçamos que a gestão Allysson mentiu à Justiça para conseguir o fim da greve dos professores desse ano.
Não ficaremos surpresos se for emanada mais uma decisão judicial pedindo para tirar esse texto do ar. E o faremos porque respeitamos as decisões judiciais, mesmo que não concordemos com elas. O ataque necessário às sentenças o fazemos nos autos dos processos.
Tanto aqui quanto nos recursos que apresentamos à Justiça, recorremos à verdade. Só sabemos agir assim. É nosso compromisso , nossa missão e nossa ética. Mesmo que algumas vezes percamos para quem me mente.
Para provar os valores citaos desse artigo, seguem abaixo as planilhas
TABELA – ART&C – TRE – MOSSORÓ – 2021
TABELA – ART&C – TRE – MOSSORÓ – 2022
TABELA – ART&C – TRE – MOSSORÓ – 2023