Uma estranheza para um alerta

por Ugmar Nogueira
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Pesquisas eleitorais refletem, já se disse inúmeras vezes, cenário de momento. Isso significa, obviamente, que os dados de um levantamento diferem da coleta anterior quando se tem, obviamente, uma mudança nas ações, nas estratégias, nas articulações, na forma como se comportaram os pretensos candidatos cujos nomes contam das tais pesquisas.

Nos últimos dias, considerando-se os três principais nomes postos até agora na disputa pelo Governo do Estado não se viu uma grande mudança na forma como estão colocados cada um desses pré-candidatos.

A governadora Fátima Bezerra (candidata à reeleição) segue realizando as ações do seu governo com claro viés democrático, popular e de reconstrução do Estado e de construção de propostas. O plano de segurança pública do Rio Grande do Norte e o decisivo apoio à agricultura familiar são exemplos disso.

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O senador Styvenson Valentim (Podemos), por seu turno, segue sendo o que sempre foi: tentando ser um outsider. E numa estratégia que chama a atenção: quer se consolidar na política negando os políticos. Ou seja, negando o que ele hoje é. E seu principal ato, nesse sentido, nos últimos dias, foi de iniciar uma contenda com o seu partido.

Já o ex-vice-governador Fábio Dantas (Solidariedade) não fez nada. Não participou do evento com seu ídolo Bolsonaro, não conseguiu ainda sequer um companheiro de chapa. Não tendo minimamente uma composição que o leve às ruas defender um projeto (que parece ainda não ter), difícil imaginar que sondagens tragam aumento do seu possível e futuro capital eleitoral. Até agora, quem fala no nome de Fábio Dantas o associa imediatamente ao caos que foi o governo Robson (PL) e do qual ele foi parceiro. E do qual participou ativamente. E com o qual o Rio Grande do Norte quase foi a bancarrota.

Analisada essa conjuntura, pensa-se o que pode ter impulsionado a pré-candidatura de Fábio Dantas entre maio e junho. No mês passado, ele tinha 8% das intenções de voto. Em junho, cresceu 100% e chegou a 16% percentuais.

Essa mais nova pesquisa apresenta uma queda no desempenho de Styvenson Valentim e, nesse caso, não se encontra motivos que justifiquem o tal recrudescimento. Por uma questão singela: o senador segue sendo o que é.

No caso da governadora Fátima Bezerra, o crescimento foi de cerca de 3%. É natural que ela cresça assim. Mostra que não atingiu o limite, o teto de intenções de votos do eleitorado.

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Então, pelo exposto, caberá aos analistas políticos, aos matemáticos, aos astrofísicos, encontrar motivos que justifiquem Fábio Dantas ter dobrado a intenção de votos. E há, ressalte-se, não há nenhum questionamento à lisura da pesquisa. Dantas não conta sequer com o beneplácito de ser um candidato novo. É um nome das velhas práticas políticas, inclusive já com o DNA marcado pelo fracasso.

O episódio faz lembrar uma situação acontecida na longínqua Monguaguá em eleição não tão distante. Naquela ocasião, naquela terra, um dos candidatos, até então em terceiro lugar nas pesquisas, descobriu – não se sabe com qual poder – onde as pesquisas seguintes seriam realizadas.

E aí, o que fazia? Mandava, durante os três seguidos anteriores à passagem dos escrutinadores, seu batalhão entregar santinhos, fazer sondagens, encher as ruas de tudo o que fizesse menção ao seu nome e à sua campanha. Quando os entrevistadores perguntavam, na modalidade espontânea, qual o nome que vinha à sua cabeça, bingo! O incauto eleitor não tinha como lembrar de outra figura que não fosse aquela para o qual foi induzido a pensar nas ultimas 72 horas.

O resultado não poderia ser outro: o candidato foi “crescendo” nas pesquisas e, matreiramente, foi pregando o voto útil, fazendo com que os eleitores começassem a abandonar outros nomes que tinham mais chances de vitória até então. Talvez não se tenha nada de ilegal nisso. Mas não se vê nada de honesto.

As urnas confirmaram aquilo que foi plantado subliminarmente no inconsciente do povo. Como alerta o poeta: nada dá certo começando errado, e o povoado hoje vive uma gestão sórdida, perseguidora, com hábitos e práticas atrasadas. Tudo com um verniz de modernidade. O exemplo de Monguaguá é um alerta. Porque a estranheza já foi plantada.

Nosso e-mail: redacaobocadanoite@gmail.com

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