Um desavisado que chegasse ao plenário da Câmara Municipal de Mossoró na sessão de ontem, 13/10, teria muita dificuldade em definir que espaço era aquele. Uma arena de gladiadores? Um ringue de boxe? Um octógono de artes marciais? Todas essas possibilidades poderiam ser levantadas. Por mais que os senhores e senhoras que compõem aquela Casa estivessem elegantemente vestidos, a maioria não respeitava sequer a elegância das vestes.

O parlamento é um lócus privilegiado do debate. De ideias. De propostas. Nesse espaço de interlocução, antagonismo e contraditório precisam conviver de forma harmônica. O pequeno e o grande se equiparam. Pelo menos precisariam. O homem e a mulher se igualam. Ou deveriam.

Infelizmente, o que foi visto ontem não carrega nada de ineditismo. Verdadeiro circo de horrores que vez por outra se monta naquela Casa, um desrespeito não só à dignidade e à honra do Parlamento, mas e sobretudo a todos os cidadãos mossoroenses. Uma vez eleitos, os vereadores ali presentes não representam apenas aqueles que votaram neles, mas a todos. São os nossos legisladores.

“Não tenho medo de você”, brada um. “Onde o senhor escolher”, responde outro. “Não me ameace”, replica um terceiro. Nem toda a indisciplina dos alunos mais arredios da escola menos rigorosa produziria tamanha balbúrdia. Infelizes, deprimentes e condenáveis cenas. Tosquice mal-ajambrada. Barafunda mambembe.

As cenas de quase pugilato que a Câmara Municipal de Mossoró tem sido palco precisam cessar. Para isso, exige-se postura digna de homens e mulheres legiferantes que ali estão, e uma condução mais enérgica do presidente da Casa.

Zé Peixeiro (PP), Didi de Arnor (Republicanos) e Omar Nogueira (Patriotas) tem se engalfinhado, por enquanto só em palavras e ameaças – graças a Deus. Não tem nada de progresso, republicanismo ou patriotismo as causas das contendas. Muito menos terão suas consequências. Desde maio que se estranham. Belicosidade injustificável. Fratricídio vergonhoso.

Em quase dez meses de atuação da atual legislatura, a Câmara Municipal de Mossoró tem se tornado um condomínio de desavenças.  Covil de intrigados. Na ausência de discussões palpitantes que versem sobre temas relevantes, como geração de emprego, o plenário do Legislativo parece mais ser um espaço de feirantes. Com grande parte de seus integrantes querendo vender mercadoria de péssima qualidade.

Apelar à sensibilidade é um caminho. Uma outra via passa pela necessidade de o presidente Lawrence Amorim (Solidariedade) ser mais rigoroso no plenário e mais habilidoso nos bastidores para atenuar os constantes xingamentos entre os vereadores.

Sem uma produção legislativa eficaz, a Câmara tem se tornado um espaço de discussões débeis, bravatas fúteis e ameaças constrangedoras.

Para contribuir, o Blog Na Boca da Noite lembra que há muito temas relevantes para serem discutidos, como reforma do Plano Diretor, Plano de Mobilidade Urbana, Revitalização do Parque Industrial, legislação sobre incentivos fiscais como estratégia de fomento à geração de emprego e renda.

Com a experiência que tem, a capacidade que possui e as pretensões que alimenta, é urgente que Lawrence Amorim faça o que é necessário para melhorar o ambiente do Legislativo local. A Câmara precisa. Mossoró merece.

 

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