Na gestão Allyson, nem Doutor sabe a diferença entre piso e teto

por Ugmar Nogueira
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* Márcio Alexandre

 

Um prefeito, governador e presidente selecionam para suas equipes de auxiliares aqueles que, considerando-se a afinidade política, tenham também predicativos técnicos. Ser competente, ágil, eficiente, eficaz deve constar do currículo. Se for numa gestão dada a holofotes, é importante que sejam também detentores de diplomas: Graduação, Especialização, Mestrado e Doutorado.

Lamentável, porém, que para agradar ao chefe de ocasião, esses inteligentes mulheres e homens se reduzam. Deixem de acreditar no que acreditavam. Abram mão de sonhar com o que sonhavam. E, pasmem, deixem de saber o que sabiam.

De norte a sul do Brasil, temos vários (maus) exemplos dessa natureza. Choca, porém, quando nos damos conta de que há situações e pessoas bem próximas a nós se enquadrando nesse cenário. É triste o que fazem para ostentar o status de ser secretário ou ministro. Não importante a grandeza do cargo, chama a atenção a pequenez com que se portam.

Em Mossoró, hoje, mais uma vez, nos deparamos com um caso dessa natureza. Entrevistada na FM 95, a Professora-Doutora Hubeônia Alencar na – e para manter – a condição de secretária municipal da Educação da Prefeitura de Mossoró, foi de uma infelicidade tremenda. Para sustentar a versão do patrão de que os professores de Mossoró não podem, não merecem, não devem, ser valorizados, mentiu. Mas mentiu usando números, que é a mentira mais fácil de passar como verdade.

Disse, entre outras coisas, que a prefeitura já paga o piso aos professores da rede municipal de ensino. É claro, óbvio, indiscutível, que em Mossoró tenhamos professores ganhando acima dos R$ 3.845,63. Sou um deles. Como docente com 20 anos integrando o quadro de servidores da prefeitura de Mossoró e como mestre, recebo um pouco mais que isso. Como eu, há muitos nessa condição.

Infelizmente, eu e tantos outros não chegamos a esse patamar salarial – razoável para mim e uma fortuna para Allyson – por benemerência de gestores como o atual prefeito, que supostamente valoriza com palavras, mas retira direitos com ações. Para chegar a esse nível no holerite, estamos há mais de duas décadas trabalhando. E se atualizando. Estudando. Fazendo formações continuadas. Continuando a aprender. E lutando para que sorrateiramente, gente como Allyson Bezerra não retire o que é nosso. E ainda faça lives dizendo que pedimos para ganhar pouco.

Então dizer que há professores ganhando o piso ou acima dele não é ilegal. Imoral é tentar fazer crer que isso é regra. Inescrupuloso é fazer uso disso para tentar colocar a população contra os docentes.

Há, na rede municipal, professores que, à custa de muita luta, sacrifício, desprendimento, força de vontade e altivez, concluíram outros cursos acadêmicos e, aliados ao templo de trabalho que tem no município, recebem o valor do dobro estabelecido como piso para esse ano. Ao completarmos 25, 30, 35 anos de prestação de serviços, chegaremos ao topo da carreira. E o mínimo que se espera é que estejamos ganhando um salário digno da contribuição que demos ao longo dessa jornada de trabalho.

Começamos atuando, portanto, recebendo o salarial inicial, que para os professores foi definido como piso. Ao nos aposentar, a expectativa é que ao concluirmos nossa trajetória laboral, estejamos ganhando o teto. Para agradar aos chupinhadores de direito alheio, na prefeitura de Mossoró, parece que nem doutores sabem a diferença entre um e outro.

 

* Professor e jornalista

 

Nosso e-mail: redacaobocadanoite@gmail.com

 

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