* Márcio Alexandre

 

As discussões ríspidas entre vereadores já viraram rotina nas Câmaras Municipais pelo Brasil afora. Não são raras as situações em que por pouco não se chegou às vias de fato. Mossoró é uma prova viva disso, mas não está sozinha. Há registros de agressão física, troca de sopapos e tentativa de homicídio. Do Oiapoquue ao Chuí.

Esses registros deprimentes, lamentáveis e perigosos, infelizmente, não se restringem aos parlamentares municipais. Plenários das Assembleias Legislativas, especialmente na de São Paulo, há tempos se transformaram em ringues, arenas e octógonos.

A Câmara dos Deputados e o Senado Federal também tem históricos dessa natureza. Entre os deputados federais, já houve agressão e morte em plenário. E no Senado, também já se teve ocorrência letal. Dessas situações que resultaram em morte, o caso mais emblemático  ocorreu em 1967. Naquela oportunidade, numa troca de tiros entre os senadores Afonso de Mello e Péricles Silvestre, uma bala atingiu o também senador José Kairala, que veio a óbito.

São cenas de selvageria que se esperava ter ficado no passado. Infelizmente não tem sido assim. Para desespero do bom senso, da sensatez e da harmonia, elas tem rondado nossos parlamentos. E ferido de morte a civilidade.

Na Câmara Municipal de Mossoró, não são raras as vezes em que se agridem colegas, bom senso e população. Sim, cada gesto fora daquilo que se espera de um representante do povo é um desrespeito a esse próprio povo. Essa semana mesmo, dois vereadores andaram se estranhando. Estranho mesmo, aliás, é quando há uma semana sem essas desavenças.

Mas o episódio mais dantesco dos últimos dias foi protagonizado por um deputado. Bolsonarista, lógico. A despeito de ter uma alta patente da Polícia Militar e de ser inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o coronel Azevedo não honrou nenhuma das duas importantes instituições. Muito mesmo a Assembleia Legislativa. Embora não estivesse na sede do parlamento, o que fez foi de corar de vergonha o Palácio José Augusto.

Mas o coronel Azevedo é apenas representante de uma horda política que percebeu ser o extremo, o mau-gosto, o iníquo, o caos, o desrespeito, o achincalhe, a tortura, o nazismo e o fascismo terrenos férteis a brotar votos. É preciso que o povo dê a resposta. Ser ruim não deve ser credencial para se conquistar mandatos. Desrespeitar mandatos não deve ser plataforma para exercício da ruindade.

 

* Professor e jornalista

 

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