Ugmar Nogueira
* Márcio Alexandre
Ouvi, na quinta-feira, 2 de setembro passado, atentamente, uma entrevista do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (Solidariedade) aos jornalistas Vonúvio Praxedes e Carol Ribeiro no Programa Meio Dia TCM, da Rádio 95 FM.
Percebi que, por mais que os entrevistadores buscassem “mesclar” os temas da conversa, o chefe do Executivo mossoroense se mostrava entusiasmado em falar de um tema em especial: iluminação pública. Com muita ênfase.
Como que num discurso para ávidos cidadãos em busca de luz, o prefeito dizia, amiúde, que Mossoró estará em breve completamente iluminada. Do leste ao oeste. Do norte ao sul. Da zona urbana à zona rural. Com luz de led. Mais econômicas. Mais modernas. Pelo que entendi, até mesmo onde já tem luz de led, essas serão trocadas por outras. “Ainda mais potentes”, justificou o iluminado prefeito.
Confesso que a alegria, o entusiasmo, a felicidade com que Allyson tratava o tema me chamou a atenção. O prefeito fazia muitas digressões sobre o assunto até que num determinado momento da conversa, fez uma revelação: teria sido ele consultado pela Caixa Econômica Federal para que a prefeitura participasse de uma Parceria Público Privada (PPP). Nela, a operacionalização da iluminação pública de Mossoró ficaria a cargo de uma empresa privada.
Atentem bem: o serviço de iluminação pública será – caso o que o prefeito revelou se concretize – terceirizado. Ou privatizado. Me vieram, então, algumas questões. A primeira delas é: uma gestão que se vendeu como moderna, como eficiente, como a tábua de salvação, não tem, por seus quadros – efetivos ou comissionados – condições de operacionalizar o serviço de iluminação pública?
Para não me precipitar na análise e, sobretudo, para não cometer injustiças, busquei saber da prefeitura se meu entendimento a respeito das palavras do prefeito é esse que agora exponho.
“Assisti uma entrevista do prefeito hoje na 95 FM e entendi que a prefeitura vai passar para a iniciativa privada a operacionalização da iluminação pública de Mossoró. É isso mesmo?”, questionei a assessoria do município. Não obtive resposta. Mesmo passados mais de 15 dias, ainda não houve retorno.
Caso seja verdade, põe por terra o discurso de gestão moderna. Contratar empresa para fazer serviços simples, como compra e troca de lâmpadas, me perdoem, não tem nada de moderno.
Há, no entanto, uma perspectiva alvissareira, anunciada por Allyson: haverá economia de recursos públicos. Ele não explicou como. Me interessa, como cidadão, entender como um serviço que é feito pela prefeitura, com servidores e recursos próprios, ficará mais barato para o município ao contratar uma empresa para fazê-lo.
Teremos a multiplicação das leds e a redução dos custos. Mesmo com uma empresa – que visa lucro – sendo parte no negócio. Que tudo seja bem explicado. Para que todo cidadão entenda o que será feito e, principalmente, como será feito. Inclusive para parabenizarmos o prefeito pelo feito. Haja luz!!!
* Professor e jornalista
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