* Márcio Alexandre

Estão lá todas as autoridades. De terno ou tailleur. De social ou esporte fino. Sérios, compenetrados, sóbrios. Cenhos de preocupação. Semblantes contemplativos. Fisionomias de introspecção. Figurinos, posições e sensações que a hora exige. É um momento em que se busca explicações e solução para a fuga de dois criminosos.

Ao fundo a vergonha. Uma autoridade servindo de chacota. Inspirando piadas. Sugestionando memes. Apalermando uma situação séria.  Atoleimando um instante seríssimo. “Papanguceando” a cena. Com todo respeito aos personagens carnavalescos.

Com um adereço que não homenageia ninguém. Ao contrário, açula o representado.

Um enfeite usado na hora errada, envergonhando o seu principal lugar de existência.

Um adorno usado apenas para construir um alter ego. Um atavio que enche de ufania a cabeça que ornamenta, mas que macula quem ele diz representar.

Somente psicopatas sentem-se confortáveis ao desempenhar papel tão extravagante. Segundo M. E. Thomas, pessoas nessa condição fazem qualquer absurdo sem atentar para a moralidade, sem sentir remorso e por egocentrismo extremo.

Somente lobotomizados não percebem que aquele alter ego pode trazer muitos dividendos a quem o encarna, mas é um labéu para a cidade. Em rede nacional.

* Professor e jornalista

3 thoughts on “Um alter ego enjambrante

  1. Parabéns pela pertinente reflexão! Nos envergonha, esse que brinca de ser gestor. Quer e ficará conhecido internacionalmente.

  2. A vergonha sem precedentes que estamos passando , quem está causando é o diretor e a alta cúpula da direção do presídio federal que deixaram dois criminosos da pior estirpe fugirem. Não só deixaram como ajudaram . Vergonha faz as falas do secretário não sei das quantas e agora do ministro querendo explicar o que não tem explicação. Ora, se o povo quer saber de adereço de prefeito!!!!! O povo quer a prisão dos fugitivos. E essa caçada, sim, é carnavalesca. Uma piada de péssimo gosto onde, nós mossoroenses, graças aos céus, não somos as vítimas.

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