O prefeito Allyson Bezerra tem, ainda, uma sólida avaliação positiva. Claro que não é aquela divulgada pelos institutos de pesquisa com os quais o prefeito tem íntima relação. Mas são percentuais consideráveis. E obviamente que não é pela qualidade da gestão, mas pela capacidade do prefeito de controlar a narrativa sobre a gestão.
Apesar de todo o malabarismo midiático de Allyson, parte da população tem se dado conta do que é, na verdade, o modo Allyson de governar. E isso tem começado a produzir resultados – negativos – na avaliação da gestão. Listamos a seguir 15 dos muitos fatos que explicam a queda na avaliação positiva da gestão:
1. Causa animal – Essa pauta é uma nas quais a gestão Allyson Bezerra patina feio. A situação é tão grave que nem o discurso midiático palaciano consegue impedir que as pessoas saibam de verdade que não há qualquer ação do governo Allyson nessa área. Para completar, o prefeito se nega a usar as verbas que o município tem para investir no setor. A não utilização dos recursos da emenda da deputada estadual Isolda Dantas (PT) foi um tremendo tiro no pé. Apesar disso, o prefeito segue enrolando e não compra o castramóvel, destino que deveria ter sido dado ao dinheiro. Aliás, o Ministério Público quer saber o que a gestão fez com mais de R$ 400 mil reais que deveriam ter sido investidos nesse setor.
2. Inclusão – A inclusão também não recebe a atenção devida da gestão Allyson Bezerra. Políticas públicas para o setor vão muito além de criar espaços para que cadeirantes possam assistir a shows. A situação já foi mais grave, é verdade, o que forçou o prefeito a atrair para seu grupo político o ex-vereador Petras Vinícius, que tem trabalho reconhecido na área. O reforço, no entanto, ainda não deu o resultado esperado. Muito mais por conta do descaso anterior da própria gestão.
3. Saúde – A gestão Allyson finge que não vê que o povo percebe o descaso na área. Para se ter uma ideia do caos no setor, basta citar o caso de uma paciente que tentava uma consulta especializada e o município somente ligou para a família quase dois anos depois de a solicitação ter sido feita. Pra piorar o caso, a paciente tinha morrido 10 meses antes. Também há reclamação de falta de profissionais, medicamentos e insumos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nas Unidades de Pronto Atendimentos (UPA).
4. Obras inacabadas – Se existe uma coisa que atormenta a população e rouba-lhe a paciência é a demora na conclusão de obras. Na Mossoró de Allyson Bezerra, obras inacabadas são o que não faltam. Os casos do Vuco-vuco e das Escolas Ronald Pinheiro e Duarte Filho são três exemplos que todo mossoroense cita quando se fala no assunto. Há ainda o famoso caso das Escolas José Benjamim e Maurício Fernandes. No Ronald, no Maurício Fernandes e no José Benjamim, a população realizou protestos por conta da demora.
5. Servidor público – A gestão Allyson Bezerra é, declaradamente, autoritária, perseguidora e centralizadora. E isso traz prejuízos diretos para toda a população, principalmente para o servidor público efetivo, eleito pelo gestor como verdadeiro inimigo. Não sem razão, Allyson se nega a fazer concurso público: para encher a prefeitura (como vem fazendo) com funcionários celetistas, cujo contrato de trabalho precarizado os obriga a se submeter aos caprichos do prefeito. O Projeto de Lei 17, conhecido PL da Maldade, foi aprovado pela bancada governista na Câmara Municipal e seus efeitos tem sido nefastos para os trabalhadores.
6. Falta de transparência – Se for pedido a qualquer mossoroense para dizer qual a principal marca negativa da gestão Allyson Bezerra, nove de dez entrevistados citarão a falta de transparência. Desde que a gestão “deu fim” a quase R$ 500 mil de um aditivo para uma obra já concluída que os mossoroenses tem olhado para a gestão com desconfiança. Antes, a cidade recorda, a gestão já tinha “torrado” R$ 24 milhões num contrato inexplicado com a Sama. Para piorar, quase todos os dias surgem novos casos: contratação de buffet por R$ 12 milhões, o contrato de R$ 2,4 milhões com um de advocacia e gastar mais de R$ 20 milhões com uma terceirizada para realizar serviços de limpeza estão entre os casos mais escabrosos.
7. Questão da neuropediatria – A enrolação da gestão Allyson Bezerra para disponibilizar neuropediatras para crianças mossoroenses só não é maior do que o sofrimento das famílias desses inocentes. Até mesmo o compromisso firmado com o Ministério Público para realizar um mutirão de consultas neuropediátricas nunca foi cumprido pela gestão.
8. Desrespeito à institucionalidade – O não cumprimento do acordo citado no item anterior é apenas um dos exemplos de como a gestão Allyson Bezerra não respeita a institucionalidade. Com o MP, a gestão também se comprometeu a realizar concurso público e não cumpriu até agora. Também nesse aspecto do desrespeito à institucionalidade está o caso das emendas que parlamentares enviaram para Mossoró, casos da já citada deputada Isolda Dantas, do ex-deputado federal Beto Rosado (PP) e do senador Styvenson Valentim (Podemos), que enviaram recursos para a cidade, e o prefeito sequer cita a origem do dinheiro, não o utiliza e quando o utiliza não presta contas e/ou não dá o devido crédito a quem se empenhou em mandar verba para a cidade.
9. Políticas para população de rua – A morte de um bebê de 9 meses por inanição (fome, para ser mais claro) numa cidade com orçamento bilionário é de corar de vergonha qualquer gestor. Assim só não acontece se o responsável pela cidade não tiver humanidade ou compromisso social. Em Mossoró, a morte foi registrada ao mesmo tempo em que o Ministério Público Federal (MPF) instaurou investigação para apurar possível devolução de recursos federais não utilizados pela prefeitura de Mossoró. O dinheiro deveria ter sido utilizado para a promoção de políticas públicas para a população em situação de vulnerabilidade. Para que, por exemplo, crianças não morram por falta de alimentos.
10. Farsa do Mossoró Cidade Educação – Esse projeto já é visto por grande parte da população como a maior farsa da história da cidade. Todos os dias pipocam denúncias de que as escolas não estão recebendo os prometidos equipamentos. E quando recebem não são instalados. Quando são instalados não são ligados. E quando são ligados causam problemas na rede elétrica. A Mossoró Cidade Educação não valoriza professor, não disponibiliza ônibus para alunos da zona rural, e fecha escolas para impedir que professores deem aulas.
11. Não liberação de emendas impositivas – É difícil encontrar um adjetivo que não seja maldade para classificar a retenção de verbas de emendas pelo prefeito Allyson Bezerra. Não importa quem saia prejudicado: o gestor não libera nem as emendas impositivas dos vereadores da oposição. Dessa forma, tem sido prejudicadas pessoas e instituições, como a Associação dos Surdos de Mossoró e outras entidades que trabalham com a inclusão. Até agora não há notícia sobre a utilização de emenda de R$ 100 mil reais para execução de atividades para atender a população de rua. Mesmo que morra gente de fome, o prefeito não tem demonstrado sensibilidade para realizar essa ação. Talvez porque a autoria da emenda seja da vereadora Marleide Cunha (PT).
13. Precarização do serviço público – Retirada de direitos dos servidores públicos, terceirização desenfreada e excesso de cargos comissionados são alguns dos fatos que tem contribuído para precarizar o serviço público em Mossoró. Em busca de voto, cada vez mais o prefeito Allyson tem inchado a prefeitura com ocupantes de cargos em situação de subalternidade.
14. Obras de qualidade duvidosa na zona rural – A zona rural deu ao então candidato Allyson Bezerra uma expressiva votação. A promessa de contribuir com serviço ficou no vácuo. Na zona rural, médicos atendem em espaços improvisados, Unidades Básicas de Saúde (onde existe) não tem um comprimido para dor de cabeça, alunos estão sem aulas por falta de ônibus e as obras realizadas são de qualidade duvidosa. Em Mulunguzinho, uma obra numa passagem molhada rompeu. Em Melancias, o aterro feito numa estrada cedeu e o ônibus que transportava estudantes quase caiu dentro de um açude.
15. Autoritarismo – Autoritarismo é uma marca registrada da gestão. No dia 30 de agosto, o prefeito mandou fechar as escolas para impedir que professores pudessem trabalhar. O gestor queria passar para a população a impressão de que a cidade parou por conta da queda na arrecadação de receitas. Ópera bufa. A propalada redução do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) não existiu. O que ficou comprovado no episódio foi o quanto o gestor é autoritário, pois quis obrigar os servidores a parar diante da instituição de um ponto facultativo.
16. Falta de transparência – Prestar contas, de fato, dos recursos da prefeitura e daqueles que são enviados à cidade por meio de emendas, é algo que a gestão Allyson Bezerra se nega a fazer a todo tempo. Desde o “sumiço” dos R$ 500 mil da praça, até a recente operação para impedir que o secretário Erisson Natércio (Desenvolvimento Social e Juventude) comparecesse à Câmara Municipal para explicar a suposta não utilização de recursos federais, que a gestão Allyson Bezerra não se digna a dar qualquer explicação à sociedade mossoroense sobre o que está sendo feito com o dinheiro dela.
Esses são alguns dos fatos que ocorrem cotidianamente em Mossoró e que aos poucos tem chegado ao conhecimento da população. Mesmo que o prefeito esteja onipresentemente nas redes sociais querendo mostrar o contrário, muita gente já tem se dado conta de como é a Mossoró real. O resultado disso é a diminuição nos índices de aprovação da gestão.
É bem verdade que na questão da popularidade, o prefeito Allyson Bezerra ainda tem muita “gordura para queimar”. O sinal de alerta, no entanto, está ligado. É preciso cuidado para que as chamas da fogueira da vaidade não atinjam o óleo da frigideira porque será ainda mais difícil debelar as chamas. Allyson sabe que avaliação, quando começar a descer a ladeira, inevitavelmente leva ao chão.