Destruição do mercado de trabalho atinge níveis históricos

por Ugmar Nogueira
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A destruição do mercado de trabalho brasileiro desde 2016 alcança níveis históricos. O número de pessoas recebendo menos ou até um salário mínimo mensal, por exemplo, chegou a 30,2 milhões, marca nunca alcançada desde pelo menos 2012, quando se iniciou a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Como proporção do total de ocupados, há no Brasil atualmente 34,4% de trabalhadores recebendo até um salário mínimo – também o maior patamar desde o início da série histórica. O levantamento foi elaborado pela consultoria IDados a pedido do portal G1, com base nos indicadores do segundo trimestre deste ano.

“As pessoas estão encontrando um mercado de trabalho diferente do que existia antes da pandemia. É um mercado em que muitas empresas faliram, quebraram. Grande parte das opções de emprego não existe mais”, observa Bruno Ottoni, pesquisador do IDados e autor do levantamento.

“Muita gente entra no mercado como conta própria ou informalmente, e essas pessoas tendem a ter um rendimento mais baixo do que aquelas que trabalham com carteira”, acrescentou o pesquisador.

O levantamento do IDados também revela que a população negra representa 20 milhões dos 30,2 milhões de trabalhadores que ganham até um mínimo. Hoje, diz o estudo, 43,1% dos negros ocupados recebem até R$ 1,1 mil. No quarto trimestre de 2015, melhor momento da série histórica, 34,4% ganhavam até o salário mínimo.

“As políticas de ação afirmativa tiveram resultados importantes. Há muitas políticas de acesso à universidade, mas nós tivemos menos políticas no mercado de trabalho”, pontuou Ottoni. “Apesar de o país ter tido ganho de escolaridade da população negra, os avanços não foram expressivos no mercado de trabalho.”

O pesquisador destacou o papel da inflação no agravamento da conjuntura. “Para a parcela da população que já tem um rendimento muito baixo, a situação fica ainda mais preocupante, porque grande parte da inflação afeta mais fortemente essa faixa da população”, ressaltou.

Em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indexador oficial da inflação, subiu 0,87%, maior alta para o mês desde 2000. O IPCA acumulado em 12 meses chegou a 9,68%. Considerado a “inflação dos mais pobres”, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referente às famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos, teve alta semelhante à do IPCA: 0,88% em agosto. Mas no ano o indicador acumula alta de 5,94% e, em 12 meses, de 10,42%.

Com isso, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aponta que, em agosto, o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.583,90. O valor, correspondente a 5,08 vezes o piso nacional (R$ 1.100,00), seria o adequado para uma família com dois adultos e duas crianças. (Fonte: PT.org)

 

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