Ugmar Nogueira
* Márcio Alexandre
O Brasil viveu à beira do caos nos quatro anos que antecederam ao atual governo central. De forma legítima, um defensor da tortura, repressor dos direitos humanos e perseguidor das minorias – para ficar apenas nesses três (maus) exemplos – chegou à Presiodência da República (ainda que tenha se utilizado dos artifícios mais vis possíveis para ter sucesso em sua empreitada eleitoreira.
A eleição do seu sucessor pôs um pequeno freio na lógica nazifascista que tomou conta do Brasil. Não foi sequer freio de arrumação porque os representantes do povo eleitos para o Congresso Nacional são, em sua grande maioria, signatários do quanto pior melhor. São tão nazifascistas quanto o antigo chefe.
Esses dois exemplos, aliado a um terceiro que cito adiante, dão uma noção do quanto o mal tem encantado. Do quanto a maldade tem sido plataforma política e atraído muita gente. E, perdoem-me a franqueza, muita gente se sente atraída por pura afeição. Por clara identificação. Tão ruins quanto.
Nos últimos dias, mais um caso típico da atração de pessoas em torno de algo ou alguém muito ruim. Muito mal. Bastante deletério.
Um frei reúne multidões em torno de telas (a partir da TV, Youtube ou Instagram) sob o pretexto de evangelizar. Não fala nada que se aproxime do que Cristo pregou, defendeu e fez. Aliás, age totalmente contrário aos ensinamentos cristãos. Sempre, claro, usando a Bíblia como escudo. E, para tanto, a interpreta a seu bel-prazer. Apenas para justificar seus (mal) ditos.
Na sandice mais recente, pregou que mulheres devem ser submissas, criticou a conquista de espaços por elas e reduziu a importância do papel das mulheres na sociedade a nada. Tudo isso no Dia Internacional das Mulheres. Para uma plateia de milhares e, majoritariamente, feminina.
O tal frei é expoente do bolsonarismo e não precisaria muito esforço para se descobrir isso. É ligado a um site que prega horrores, negando a Ditadura Militar para favorecer a uma (Deus nos livre) futura ditadura cívico-militar-pentecostal, como a que tentaram implantar durante o período de 2019 a 2023, e que culminou, entre outras barbáries, com o barbarizante episódio de 8 de janeiro de 2023.
Lamentar que tenhamos tanta gente encantada com o mal – subliminar ou não. Tudo é tão preocupante e horrível, que a máxima cantada por Gessinger ficou incompleta. O fascismo fascinante não deixa só gente ignorante fascinada. O fascínio pelo nazifacismo tem sido muito forte. Não sem razão, figuras como o tal frei atraem tanta gente para suas “pregações”.
* Profesor e jornalista
Ilustração: Getty Images
