* Márcio Alexandre
Quinta-feira, 7 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher, uma mulher perdeu o bebê. O recém-nascido tinha 4 meses de vida e morreu desnutrido. De inanição. Faminto.
No dia anterior, o prefeito de Mossoró, em um sórdido espetáculo eleitoreiro, anunciou cerca de 50 atrações musicais para uma festa na qual vai discursar, garantir votos e fazer muitos esquecer que ele nega pão aos famélicos.
A prefeitura de Mossoró tem R$ 260 mil em caixa, enviados pelo Governo Federal, para comprar, entre outras coisas, comida para quem tem fome. Mas a gestão prefere que crianças morram desnutridas. Apesar de ser a mais competente gestão de todos os tempos, a gestão Allyson Bezerra nçao conseguiu elaborar um plano de aplicação dessa verba.
Tão cruel quanto essa omissão é o silêncio de parte da mídia de Mossoró, que tem “os jornalistas mais qualificados, progressistas e conceituados do país”. E a maioria não deu uma linha sobre o assunto. O Boca da Noite divulgou em primeira mão e segue acompanhando os desmdobramentos. Uma morte evitável. Um crime contra a infância. Uma crueldade. E muitos calados.
A mulher, pobre, de outro país, indígena, perdeu o bebê pela inércia da prefeitura. Pela maldade de quem a comanda. E segue o silêncio. Cúmplice.
Será preconceito, discriminação ou xenofobia? Ou tudo isso no caldeirão da aporofobia?
Fosse filho de um deles teria postagem no X, vídeos no Facebook, Reels no Instagram, indignação no K-wai. E enxurrada de matérias.
Essa indignação seletiva me fez lembrar de postagem recente de um desses jornalistas. Recordava ele que vivia enfrentou demandas e mais demandas judiciais manejadas pela ex-prefeita Rosalba Ciarlini (PP).
Todas as vezes que ele publicava em seu blog que estava sendo obrigado a assinar uma nova intimação, eu prestava minha solidariedade. A gestão Allyson Bezerra (União Brasil) utiliza da mesmíssima estratégia canalha de tentar, pela via judicial, calar a imprensa. O Boca da Noite que o diga.
Hoje, carne e unha com o poder, o ético, moralista e democrático jornalista não escreve uma linha de solidariedade a quem quer que sofra perseguição da atual gestão. E também não publicou uma palavra sobre a morte da criança.
Há quem pague para falar. E talvez quem se venda para não dizer.
* Professor e jornalista
1 comentário
Triste, muito triste.