A exemplo do Rio Grande do Norte, que enviou mensagem à Assembleia Legislativa mantendo para 2024 o ICMS em 20%, 16 outros estados da federação realinharam ou estão realinhando as alíquotas básicas do imposto para aumentar a base de cálculo na divisão de recursos quando a reforma tributária entrar em vigor. O mais recente é o Rio Grande do Sul, que vai elevar o imposto dos atuais 17% para 19,5%, sob a alegação de que perderia R$ 4 bilhões anualmente no período de transição do atual para o novo sistema brasileiro de cobrança de tributos.

A reforma tributária foi tema de entrevista, do secretário estadual da Fazendo do Rio Grande do Norte, Carlos Eduardo Xavier, que preside o Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita, Tributação ou Economia dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), à Globo News. Entre os estados que já aprovaram as novas alíquotas de ICMS para 2024, o secretário citou Ceará, Paraíba, Pernambuco e Distrito Federal. Além disso, Rondônia e, agora, Rio Grande do Sul.

Ele explicou que os próximos quatro anos são considerados cruciais para a saúde financeira de estados – e dos municípios também – porque será o período usado para definir a participação de cada unidade da federação no rateio da arrecadação quando a reforma tributária estiver em vigor. Projeção feita pela Secretaria de Estado da Fazenda indica que o RN, com a redução da alíquota de 20% para 18%, deixaria de arrecadar R$ 700 milhões somente em 2024, com reflexos no curto, médio e longo prazos. Esse valor é quase o dobro das perdas registradas no ano passado com a desoneração dos combustíveis, energia elétrica e telecomunicações.

“O Rio Grande do Norte tem uma situação fiscal muito complexa. Por isso estamos propondo a manutenção da alíquota de 20% para recomposição de receitas. Além disso, tem a questão da reforma tributária, que vai usar os próximos quatro anos para parametrizar a repartição do bolo tributário na transição do ICMS para o IVA”, explicou o secretário, em entrevista a uma emissora local de televisão. O Imposto sobre Valor Agregado (IVA) federal unifica PIS, Cofins e IPI. No IVA estadual serão unificados o ICMS e o ISS.

Levantamento do Comsefaz mostra que as medidas impostas pelo governo anterior, às vésperas das eleições de 2022, tiram R$ 109 bilhões de receita dos orçamentos dos governos estaduais e prefeituras. “Não podemos falar das medidas de agora sem falar das leis complementares 194 e da 192, que reduziram drasticamente as receitas. Para conseguir lidar com suas despesas, os estados começaram a fazer um estudo para repor essas perdas. Essa é a primeira justificativa. Agora, com a tramitação avançada da reforma tributária no Congresso, temos um novo motivo porque o ICMS é o principal tributo estadual”, disse Carlos Eduardo Xavier.

*Prefeitos*

A proposta de manutenção da atual alíquota de 20% de ICMS, que tramita na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, tem apoio da Federação dos Municípios (Femurn). Em reunião conjunta das comissões de Constituição e Justiça e Finanças e Fiscalização, o presidente da entidade, Luciano Santos, alertou que a situação financeira atual não permite aos municípios – assim como ao Estado – abrirem mão de nenhuma receita, “muito menos em monta tão elevada.”

Como os municípios ficam com 25% da arrecadação do ICMS, o prejuízo seria de R$ 175 milhões ano, afetando também os repasses para a Educação e para a Saúde. Em ofício encaminhado aos deputados, a Femurn também alertou que o efeito nocivo da perda de arrecadação prevista para 2024 pode se estender por décadas e, com isso, colapsar as finanças municipais. “Com a entrada do novo imposto, chamado de ‘IVA Estadual’, a fatia de receita a que cada Estado terá direito na repartição do ‘bolo nacional’ será baseada na sua arrecadação vigente. Logo, se o Rio Grande do Norte estiver com suas receitas diminuídas em face da redução da sua alíquota modal em 2024, seremos prejudicados ‘ad aeternum’ pela“, reforçou Luciano Santos.

Segundo o presidente da Femurn, as pessoas em situação de vulnerabilidade social seriam as mais afetadas em caso de colapso financeiro dos municípios, com reflexos ao acesso à saúde, assistência social, educação e outros serviços prestados pelos municípios.

One thought on “Secretário da Fazenda do RN explica por que estados brasileiros estão aumentando ICMS

  1. Na minha opinião essa governadora devia ter bom censo e em vez de aumentar o ICMS crucificando ainda mais a população criar vergonha na cara é tirar o exército de Cargos comissionados que incha a folha de pagamento. Deixando os servidores ativos e pensionistas a Deus dará. Mais era de se esperar. Nunca vi político que repete mandato prestar na segunda gestão. Quem incha a folha de pagamento é essa modalidade medonha. E as autoridades do judiciário não tomam.uma atitude.lamentavel.

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