* Márcio Alexandre
Sem o radicalismo e a paixão pelo ódio que dominou muitos corações no país nos últimos tempos, as pessoas de bom senso concordam: o governo que passou foi uma tragédia social: muita gente voltou à extrema pobreza, a administração federal era claramente contra minorias, pessoas disputaram lixo em busca de comida, e brasileiros morreram por negligência governamental.
O ex-presidente agia com desumanidade quase inacreditável, imitando pessoas que morriam sem ar e tripudiando de quem chorava a perda de seus entes queridos para a covid.
Bolsonaro agia cruelmente, as pessoas padeciam de todos os horrores patrocinados pelo governo e não se ouvia uma voz sensata entre tantos que integravam o bolsonarismo.
O Governo Bolsonaro era, como se sabe, um deserto de bons sentimentos.
Dos que compunham a gestão do ex-capitão não se viu emoção nenhuma quando se morreu de covid ou quando desastres ambientais ceifavam vidas enquanto Bolsonaro passeava de jet ski.
Talvez ocupado com as tramoias do Tratoraço, o potiguar Rogério Marinho, então ministro do Desenvolvimento Regional, não esboçava um gesto de compaixão ou uma fala de apoio. Não faltou sofrimento verdade. Não houve solidariedade. Nem de mentira.
Mas Rogério mudou. Tocado sabe-se lá porque, o agora senador é um homem emotivo. Desses que choram. E em público. Mesmo sem motivo que justifique.
Rogério Marinho sente agora a dor dos que não sofrem e o sofrimento dos que não perdem.
O senador potiguar verte lágrimas por quem cometeu crimes. Por quem praticou golpes.
Para Rogério, a mitigação provisória da liberdade de acusados de atos terroristas vale mais do que a dor de quem viu familiares morrer por falta de oxigênio e por demora na compra de vacinas. Pudessem ver o senador frente a frente, essas pessoas talvez lhe pedissem candidamente: engole o choro, Rogério!!!
* Professor e jornalista
Imagem: Brasil 247