O registro é de Bela Megalle. A jornalista conta que em um jantar com empresários, na última quinta-feira, em São Paulo, o potiguar Rogério Marinho, ainda ministro do Desenvolvimento Regional, chorou ao falar sobre o patrão, o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Não verteu lágrimas, mas chorou por dentro. Embargou a voz, pigarreou, engoliu palavras. Emocionou-se. Fez uso de adjetivos para adular o presidente. Minimizou a sanha criminosa de Bolsonaro, classificando-a de “rudeza”. A falta de modos, à mesa, no trato com as pessoas e no lidar com os diferentes, chamou de “falta de finesse”.

Ao ministro, é preciso explicar algumas coisas: metralhar adversários, exterminar indígenas, estuprar mulheres, ameaçar ministros, convocar atos antidemocráticos, boicotar vacinação, nada disso é ser rude. É ser criminoso. E tudo isso foi dito e defendido pelo homem que o emociona.

Rogério sempre foi fiel ao bolsonarismo, a ponto de ir a uma Bahia devastada pelas chuvas e tentar defender o presidente que, ignorando o sofrimento dos baianos, fazia farras com dinheiro público.

Insensato, Rogério finge que as pessoas não sabem que Bolsonaro ameaça tudo e a todos, todos os dias.

Dissimulado, fala da corrupção dos outros, mas quer ignorar o caso Covaxin, as rachadinhas de Flávio Bolsonaro, o tratoraço (que aliás, é o ministro quem conduz), os cheques de Michelle, as interferências de Bolsonaro na Polícia Federal sempre que uma investigação bate à sua porta.

Pelos votos do bolsonarismo, Rogério até chora, mas é cada vez mais indiferente a quem ele deixou chorando de fome.

Sim, Rogério, os brasileiros não esquecem todas as falcatruas, extremos e canalhices do governo Bolsonaro, mas também não esquecem que foram jogados na miséria por você, que relatou a Reforma Trabalhista, acabando com direitos dos trabalhadores, precarizando as relações de trabalho e principalmente fazendo minguar os já escassos postos de emprego. Sua emoção é uma cuspida no prato de quem não tem o que comer.

 

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