O vereador Marrom Lanches (União Brasil) postou um vídeo nas redes sociais que tem chamado a atenção. Sentado num máquina que parecer ser um trator da prefeitura de Mossoró, o parlamentar anuncia que o asfalto chegou à rua Manoel Freire. Um ato muito pequeno para a importância do cargo que ocupa. E ele vai além.
“Atenção, vereadores: cuidem dos seus bairros. Desse aqui cuido eu”. Se o aviso já diminuía a importância do verdadeiro papel de um vereador, o recado reduziu ele a nada.
Poucas coisas são tão degradantes para um homem público como se achar dono daquilo que é do povo. Mais que isso. Quando quer transformar uma área, um bairro, uma cidade em curral eleitoral. “Desse aqui cuido eu”, garantiu o vereador, como se nada de bom pode chegar aquele lugar se não for por suas mãos. Se não tiver o seu carimbo. Se não for chancelado por sua vontade. Nada mais tosco, atrasado. Coronelismo em estado puro.
Tão repugnante quanto o coronelismo que Marrom Lanches acredita representar é o equívoco com que o vereador confunde o seu papel enquanto representante do povo. E aqui é necessário abrir um parênteses e fazer justiça a Marrom: ele não está sozinho. Infelizmente.
Um outro vereador, do mesmo partido de Marrom, postou em suas redes sociais que o tal asfalto havia chegado à mesma rua do mesmo bairro que Marrom se acha donatário. E isso explica o porquê de Marrom ter feito a equivocada postagem.
Sem criar um projeto de lei que represente benefícios à coletividade. Sem propor um debate que interesse à população. Sem cumprir com sua atuação de fiscalizador. Atuando apenas para legitimar e dar ares de legalidade a tudo o que a gestão municipal faz – mesmo que sejam irregulares – cabe à maioria dos vereadores governistas brigar por indicações de pequenos serviços. Principalmente às vésperas de eleições.
Aos que agem assim, fica para a população a sensação de quem gastam muito com parlamentares que pouco oferecem à cidade.