* Márcio Alexandre
Elas comportavam 45 a 50 minutos de gravação. As mais potentes chegavam, na época, a 90 minutos. Uma hora e meia para a nossa seleção. Lado A e lado B. Num, eu colocava minhas preferidas nacionais. Dou outro, as internacionais. MPB e baladas em inglês. O rock ficava numa outra. Apenas para o bate-cabeça.
A Basf era uma das queridinhas da época. Achava as TDK´s lindas. Transparentes com duas linhas transversais. Uma rosa e outra roxa. As via imponentes. Classudas.
Eram semanas juntando caraminguás para poder comprá-las. Dinheiro à mão, corrida para o Centro. De bicicleta. Emprestada.
Na volta, um medo danado. De perder a fita. De que ela caísse. De que falhasse. De não chegar em casa.
Se chegasse da compra antes do meio-dia, não dava outra: gravar pelo flashback da 105 FM. E torcer. Para que naquele dia, as músicas fossem as esperadas. Que não tivesse interrupção durante a execução da canção. Que ao final não aparecesse o slogan da rádio. Ou o BG do programa. Era muita era fé para que nada acontecesse.
Ruim mesmo era quando a gente esquecia quais músicas estavam gravadas e, na ânsia de gravar aquela tão sonhada canção, cobria outras já tão esperadas. E já gravadas. E quando enganchavam? Todo um sonho agora enrolado. Toda uma vontade enguiçada. Toda a expectativa emaranhada.
Lembro da minha primeira grande seleção. A fita que eu mais tinha orgulho de dizer que possuía. Que as músicas eram as mais difíceis de serem gravadas. Que as letras eram as mais fantásticas. Inclusive as em Inglês, que eu só sossegava quando sabia a tradução. Eu mal tinha saído dos 15 anos.
De um lado, “Destino” (Patrícia Marx), Vento ventania (Biquíni Cavadão), “Sampa” (Caetano Veloso), Oceano (Djavan), Você (Tim Maia), Declare Guerra (Barão), “As rosas não falam” (Cartola), “Down em mim” (Cazuza), “Bendita és” (Altemar Dutras), “Quem dá mais” (Antônio Marcos), “Você vai lembrar de mim” (Nenhum de nós), “Tudo bem” (Lulu Santos), “A noite do meu bem (Dolores Duran), “Blues da piedade” (Cazuza), “Foi Deus quem fez você (Amelinha), “Tudo outra vez (Belchior)”, “A maçã”, (Raul Seixas). Para não me alongar.
Do outro, “What´s a woman” (Vaya com Dio), “Easy” (Fatih No More), “Stand by me” (Ben E. King), I be there (Michael Jakcson), “Let it be (Beatles), “Now and forever” (Richard Marx), I don´t want to talk about it” (Rod Stewart), “I Must have been love” (Roxette), On in moment time (Whitney Houston), Only you (The Platters), “Eye of the tyger” (Tweet sisted), “Eyes without a face” (Bily Idol). Para ficar apenas nessas.
Depois, com as coisas melhorando, o acervo foi aumentando. E ficando temático. Só rock. Apenas românticas. Década explosiva. Década romântica. Uma explosão de possibilidades. E uma fita cassete para eternizar.
* Professor e jornalista