* Márcio Alexandre
Gângster não teria feito melhor. Ladrões de bancos não teriam sido mais astutos. Assassinos não seriam mais desleais.
A verdade é que armaram o cenário perfeito para a traição. Arco em punho. Álibi quase convincente.
Um feriado prolongado. A definição em última hora de um dia de folga.
O reino tomado de festa. Os tolos tomados de ódio. Os vassalos tomados de burrice. E, Ironicamente, a Casa criada para limitar a tirania dos reis sendo usada para tornar o tirano ainda mais despótico.
O mais brilhante roteirista não teria escrito uma peça de teatro, um filme, uma novela ou uma ópera com tantos requintes. De crueldade, maldade e sordidez.
A sociedade perderá. Os próximos trabalhadores não terão mais benefícios históricos.
A educação perderá. Poucos se interessarão por trabalhar num lugar que não garanta uma carreira decente.
O reino perderá. Não tardará para que seja vista como realmente é: uma província tocada por filhote de ditador.
Mas a flechada de misericórdia não será dada por homens.
Serão vermes a concluir o trabalho putrefato. Dos piores tipos. Detritívoros, acostumado a sobejar restos. A se alimentar com o resultado do suor alheio. Parasitas a minar conquistas de outrem.
Resta saber quais deles estarão na casa do Povo a traí-lo. A trucidá-lo.
Vermes são sempre vermes. Em qualquer tempo. Pra fazer o trabalho podre em qualquer lugar.
* Professor e jornalista
