A meta do governo para a imunização contra a gripe Influenza é vacinar pelo menos 90% de cada um dos grupos prioritários, que incluem crianças, gestantes, puérperas, idosos, indígenas e trabalhadores da saúde. Até agora, entretanto, a menos de dez dias do fim da campanha, apenas 78% desse público-alvo foi efetivamente vacinado. Entre as crianças, o percentual é de 71%. O público-alvo abrange 79,7 milhões de pessoas, porém toda a população maior de seis meses pode ser vacinada.

As informações foram dadas pela técnica de Influenza do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Thais Miuuzzi, em audiência pública promovida pelas comissões de Educação; e de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira (20). Ela informou que a campanha da Influenza teve início no dia 12 de abril e vai até 30 de setembro, mas a data final pode ser estendida, até acabarem os estoques. O Ministério da Saúde já distribuiu mais de 80 milhões de doses e, até agora, 62 milhões de doses foram aplicadas.

Segundo Thais Miuuzzi, um desafio extra para a vacinação contra Influenza neste ano é o intervalo necessário para a vacinação contra Covid-19, de no mínimo 14 dias. Ela acrescentou que a imunização reforça o sistema imunológico e deve ser estimulada.

“Os benefícios da vacinação contra Influenza incluem a redução de complicações e do risco de hospitalização associada à gripe. Lembrando que essa vacina não previne a Covid-19, mas reduz a carga de doenças da Influenza, de hospitalizações e mortes no sistema de saúde, além de conservar os escassos recursos humanos para o cuidado de pessoas com Covid”, disse.

Vacinação em creches – Enfermeira da Coordenação do Plano Nacional de Imunização em Recife (PE), Elizabeth Azoubel acredita que a vacinação nas creches, como ocorre na capital pernambucana, é uma estratégia eficiente para atingir a meta para as crianças. Essa iniciativa soluciona, por exemplo, o problema de incompatibilidade de horário dos postos e do trabalho dos pais e, na visão dela, deve ser ampliada para todas as escolas, inclusive particulares. Ela citou entre os desafios enfrentados neste ano na vacinação contra Influenza: a não adesão dos responsáveis, a ausência das crianças das creches por conta da pandemia e a falta de planejamento. “Recebemos as vacinas em cima da hora”, explicou.

Além disso, ela ressaltou que os grupos antivacinas e as fake news crescem nas redes sociais. “Muita gente acha vai ficar gripada se tomar a vacina”, observou.

Comunicação e falta de vacinas – O médico pediatra e epidemiologista José Geraldo Leite Ribeiro chamou a atenção para a queda de cobertura vacinal no Brasil, que precede a pandemia de Covid-19, com coberturas inferiores às metas do programa do governo em quase todas as vacinas, inclusive para a gripe Influenza. Entre as causas para isso, ele citou problemas de comunicação nas campanhas de vacinação e a falta de vacinas – gargalo que teve início, segundo ele, há cinco anos. Ele também citou as fake news, mas considera que no Brasil as notícias falsas não são tão relevantes.

A presidente da Comissão de Educação, deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), que pediu a audiência, destacou que muitas pessoas procuram os postos e não conseguem se vacinar contra a gripe Influenza e que também há falhas na comunicação.

“Há reclamação de que nem todos os postos de saúde têm doses disponíveis, isso também dificulta”, apontou. “E em particular em relação ao ‘Dia D’, eu não vi uma campanha consolidada de vacinação, de chamamento, para que as famílias procurassem o sistema de saúde”, completou.

Conforme a parlamentar, tudo isso se torna mais preocupante em um contexto de retomada das aulas presenciais nas escolas públicas, com mais possibilidades de contágio. Ela se preocupa ainda com a influência na população do presidente Jair Bolsonaro, que não se vacinou contra Covid-19.

Thais Miuuzzi, do Ministério da Saúde, negou que haja falta de vacinas contra a Influenza e disse que as mais de 80 mil doses foram distribuídas para os estados, que devem fazer a distribuição aos municípios. “No entanto, o nosso laboratório produtor estipulou datas de entrega, por isso a campanha foi dividida em três fases”, explicou. Em cada uma das fases, um determinado grupo poderia ser vacinado, mas agora a imunização já está aberta a toda a população.

Zé Gotinha – O deputado Pedro Westphalen (PP-RS) defendeu que seja obrigatória a apresentação da carteira de vacinação nas escolas. Ele lembrou que no passado o Ministério da Saúde fazia campanhas de vacinação eficazes com o personagem Zé Gotinha, que, na visão dele, devem ser retomadas. A técnica do Ministério da Saúde afirmou que o Zé Gotinha permanece nas campanhas de vacinação contra a Poliomielite.

Já o deputado Dr. Zacharias Calil (DEM-GO), que é médico, ressaltou que a infecção da gripe Influenza é tão perigosa quanto a da Covid-19, e chamou a atenção para a importância da vacinação especialmente de crianças, idosos e pessoas com comorbidades. (Agência Câmara)

 

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