* Caio César Muniz
Gostasse ou não do poeta e produtor cultural Zé Lima, falecido na última sexta-feira (07), tem algo que não se pode desconsiderar: a sua ousadia na produção de grandes eventos em Mossoró.
Sua fórmula, ele levou consigo, mas Zé trouxe a Mossoró gente grande como Fagner, Geraldo Azevedo e Zeca Baleiro, isto sem falar dos mestres da poesia regional, com quem ele tinha estreita afinidade: Geraldo Amâncio, Jessier Quirino, Os Nonatos (antes e depois da dupla), Ivanildo Vilanova e tanta gente mais.
Nos últimos tempos resolveu voltar o olhar pro povo de casa e a gente foi convidado a subir no palco de Zé como “Gigantes da Poesia”, como no dizer de Câmara Cascudo, era mentira, mas era bom de ouvir.
Que surpresa quando vi minhas fuças pela primeira vez estampadas em um outdoor nos quatro cantos da cidade. Não tem ego que não se inflame um pouco com isto. Zé fazia isto.
Subi dias ou três vezes no seu palco juntamente com nomes que certamente estão neste momento órfãos de Zé: André da Mata, Lalauzinho de Lalau, Cézar Guimarães, Symara Tâmara (não consigo decorar o novo nome dela).
Estava na nossa lista de homenageados com a Comenda do Mérito Musical Hermelinda Lopes, pelo Clube do Vinil Mossoró, mas ele não conseguiu esperar.
Zé se foi e se tem um legado que não deve ser desconsiderado em sua trajetória é a sua ousadia. Não haverá substituto. Zé era único. Fica meu agradecimento pelas oportunidades e um pedido de desculpas tardio. Eu também poderia ter te dado tantos palcos, fui ingrato. Me perdoe, poeta, levarei esta dívida no meu coração. Mas sei que seu coração bondoso não prestava atenção nisto. Fique bem, tentaremos manter aqui a sua história.
* Poeta e jornalista