Por Ugmar Nogueira

O professor Francisco Hélio de Oliveira Rodrigues sempre tranvestiu-se de “revolucionário”. Como alguém que luta pelo direito de todos. Igual aos que não aceitam ser beneficiado em detrimento de quem quer que seja.

Essa roupagem do docente, no entanto, parece ter caído por terra quando, em julho de 2023, foi “comprado” pela gestão Allyson Bezerra. Ao preço de uma portaria de um cargo em comissão, Francisco Hélio passou a ser Gerente Executivo Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação (SME) da prefeitura de Mossoró e, a partir daí, parece que tudo mudou. O que Hélio defendia era mentira porque na verdade, o que Hélio tem feito é totalmente diferente do que pregava.

Não vamos falar do modus operandi do Hélio Oliveira, como era conhecido o então amante da cultura popular, do cordel e da luta de classes. São muitas as queixas dos seus colegas professores do quanto o Hélio mudou, agindo tão rude e grosseiramente, no mais das vezes, que faz valer a máxima freiriana (nosso personagem gostava do Paulo) segundo a qual, “quando a educação não é libertadora, o desejo do oprimido é virar o opressor”.

Vamos falar do fato mais recente envolvendo Hélio Oliveira. O citado professor defendeu no dia 23 de outubro passado a sua dissertação de mestrado. E, numa rapidez fenomenal, conseguiu fazer as alterações no seu trabalho e, ao cabo disso, obter a documentação necessária para requerer a sua progressão funcional por titulação, saltando do nível III (especialista) para o IV (mestre).

Tão diligente quanto a atuação do Hélio Oliveira para cumprir com as obrigações acadêmicas e burocráticas para conclusão da sua pós-graduação stricto sensu foi a “ligeireza” da gestão para conceder-lhe o benefício. Num prazo recorde e, nesse aspecto, a equipe do prefeito Allyson Bezerra (UB) não merece parabéns. Por esse fato, não dá para tecer-lhe loas. E por algumas razões.

A gestão Allyson Bezerra demorou mais de três anos para conceder o mesmo benefício para outros professores, tão merecedores da “bênção” quanto Hélio Oliveira. Pior. Agora, há gente que requereu o direito bem antes que Hélio. E, a partir daqui, vai a crítica ao outrora Che Guevara “tupiniquim”.

É preciso sim, observar que mais do que abandonar o célebre aforismo do líder vanguardeiro argentino, para quem, “se não havia café para todo mundo, não havia para ninguém”, Hélio toma o cimbalino sozinho e ainda desdenha dos que não foram tão “abençoados” quanto ele. A ponto, vejamos, de dizer entre os mais próximos que os que o denunciaram estão com inveja. Como se fosse ele o único professor da rede municipal de ensino a ostentar o honroso título de Mestre. Pior: sem saber sequer quem o denunciou.

Mas, mais do que jogar essa cortina de fumaça (nesse episódio da obtenção da progressão por parte de Hélio há mais mistérios entre o céu e a terra do quem imagina nossa vã filosofia e, a despeito disso, oferecemos ao docente o beneplácito do princípio da presunção de inocência), chama a atenção que Hélio Oliveira pareça ter aberto mão de princípios e abandonado valores.

Ora, vejamos. A Secretaria Municipal de Administração lançou uma portaria de concessão de um importante benefício tendo como beneficiado uma única e exclusiva pessoa: Francisco Hélio de Oliveira Rodrigues. Com tanta gente merecendo. Com tantos professores esperando. Com tantos colegas dele tendo cumprido todos os requisitos, apenas Hélio Oliveira foi o “ungido”.

Talvez, e aqui é uma suposição de fato, isso tenha ocorrido porque o Hélio Oliveira faz parte da gestão que o “abençoou”. Hélio Oliveira é membro da equipe da SME, pasta que, entre outras coisas, forma as comissões que analisam os pedidos de progressões. Talvez tenha corrido para acorrer Hélio Oliveira pelo fato dele ter tentado, nos seus estudos, “ressuscitar” a Política de Responsabilidade Educacional, proposta que, na prática, o prefeito Allyson Bezerra sepultou sem direito sequer à missa de sétimo dia.

Chegamos a uma questão central. Por sua proximidade com o poder e com quem pode, Hélio Oliveira, pela história que acredita ter escrito, e pelas coisas que almeja alcançar (quem sabe um diploma de Doutor), poderia ter declinado da oferta.

Poderia ter sugerido, deixado subtendido, proposto, que a concessão do benefício só ocorresse quando as de outros colegas também fossem ser publicadas. Para que todos pudessem tomar café juntos.

Ou, pelo menos, pelos mesmos argumentos acima externados, que se deixasse no ar que se cumprisse aquilo que os ritos processuais, administrativos, ordinários pedem: que sejam publicados inicialmente os benefícios de quem pleiteou primeiro.

Não se sabe o que ocorreu. Ou o que pode ocorrer nesse tempo e lugar de perseguição e vinganças. O que fica claro é que “há algo de podre no reino da Dinamarca”.

One thought on “Hélio Oliveira: a queda de uma máscara e a vergonhosa progressão

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