Por Márcio Alexandre
Uma grande estrutura midiática foi mobilizada para mobilizar. Durante pelo menos uma semana, as redes sociais foram inundadas com a divulgação. Seria, no dizer megalomânico doentio do prefeito, a maior descida da história de Mossoró.
A avenida Presidente Dutra foi preparada com esmero. A estrutura da prefeitura foi utilizada à exaustão para que o evento político do prefeito fosse um sucesso. A avenida foi limpa e os meios-fios pintados. As árvores foram cuidadosamente podadas. Os incômodos sociais foram sutilmente retirados.
Uma estrutura cinematográfica foi preparada. Diversos palanques ao longo da avenida foram montados. Com muito cor e luz. Tudo azul. Para criar a atmosfera perfeita. Para os reels providenciais. Para os cortes inescapáveis. Mas flopou. O evento foi um fracasso de público.
Muita coisa e pouca gente. Só com o cheiro, a Rosa botava dez vezes mais pessoas na avenida.
Não faltaram os ameaçadores convites para comissionados e terceirizados. E eles foram. Salvaram o prefeito de ficar sozinho na avenida.
Um desconfiado Allyson emulou alegria em cima de um carro. Desolado. Apoplético. O povo não foi. Não se sentiu parte de um ato que é apenas marketing. De uma campanha que não passa de mídia. De uma gestão que só vive de enganação.
A avenida vazia frustrou o prefeito e lançou questionamentos. Onde estão os que dão 80% de aprovação à gestão? Para onde foram os eleitores que dão 70% da preferência ao prefeito? Pesquisas não mentem, mas podem falar apenas aquilo que quem contrata quer ouvir.
Allyson não errou. Ele ficou com o epíteto que mais gosta de usar. Foi o maior da história política de Mossoró. O fracasso retumbante. Allyson pode até ganhar a eleição, mas ficará na história como o único candidato a prefeito de Mossoró que deixou a Avenida Presidente Dutra vazia. A apoteose de Allyson não rolou. A descida foi um vexame. E pode preceder a queda.
O revés foi tanto que deixou o verborrágico Allyson mudo. Diminui as fotos. Paralisou as redes sociais. O fracasso da descida mexeu com o ego. E pode mexer as urnas.
* Professor e jornalista