O que motiva o boicote aos verdadeiros jornalistas

É urgente punir quem usa concessões públicas para cometer crime de censura

por Ugmar Nogueira
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* Márcio Alexandre

Os veículos de imprensa sediados em Natal seguem consolidando seu alinhamento com a notícia falsa, o discurso de ódio e o aniquilamento do debate. Os últimos movimentos registrados deixam claro o que todo mundo desconfiava: já não fazem mais Jornalismo. Mais do que isso: atuam para apagar o que o Jornalismo deve fazer: informar com critério, debater com responsabilidade e criticar com honestidade. E o fazer cometendo crime: censurando.

Em Mossoró, o cenário não é diferente. Por aqui, um gabinete do ódio é bancado com verba pública para atacar jornalistas que se recusam a fazer do Jornalismo assessoria de imprensa para o fascismo. Mas vejamos os graves fatos recentes registrados na capital do Estado.

A Tribuna do Norte demitiu o jornalista Heitor Gregório porque este perguntou onde o prefeito Paulinho Freire (UB) se esconde quando a cidade enfrenta o caos.

A TV Ponta Negra suspendeu o jornalista Bruno Barreto porque este disse o que todo mundo sabe: que o prefeito de Mossoró, o aldabrão Allyson Bezerra (UB) mente.

A CBN demitiu a jornalista Margot Ferreira por dizer a verdade.

A FM 98 demitiu o jornalista Tiago Rebolo porque este, num misto de correção, imparcialidade e profissionalismo, provou a uma colega com qual dividia um programa radiofônico, que anistia e asilo político são institutos jurídicos diferentes.

Foram todos punidos por serem competentes. Por respeitarem os cânones do Jornalismo.

Não causam surpresa as demissões, afinal de contas, os donos dessas rádios, TVs e jornais, são políticos – ou aliados de políticos – que fazem carreira se ancorando em notícias falsas, difundindo discurso de ódio e, claro, fazendo riqueza com dinheiro público.

Às vésperas das eleições do próximo ano, os proprietários desses “órgãos de comunicação” estão de olho na grana que os candidatos estão gastando. Claro, dinheiro do povo. Como de Mossoró, cujo prefeito tirou R$ 13 milhões da assistência social para gastar em sua campanha – já na rua e abraçada pelos barões da mídia potiguar.

Mas chama a atenção que ninguém se choque com tamanha desfaçatez, embora seja tudo muito absurdo. Chama a atenção que o Ministério Público (do Trabalho, quem sabe) não veja nada estranho.

Chama a atenção que as contratações de empresas por valores milionários – em Mossoró, Natal – e em muitas outras cidades do Rio Grande do Norte – sejam ignoradas por quem deveria investigar.

Chama a atenção que terceirizações e contratações de cargos comissionados batam recordes, em Mossoró, Natal e outras cidades, sem que o MP questione responsabilidade fiscal ou se busque saber o que de fato esses contratados estão fazendo.

Então, mais do que punir os jornalistas que estão de fato exercendo o Jornalismo, o que Tribuna do Norte, TV Ponta Negra, FM 98/Natal, CBN parecem querer é que estes profissionais não tragam a esses programas, o resultado das apurações que eles próprios estão fazendo. Para evitar que o Jornalismo cumpra o seu papel, não há outro meio que alijar do debate quem de fato está cumprindo seu ofício com ética, responsabilidade e verdades.

Não esqueçamos, por fim, que rádios e TV´s são concessões públicas. É urgente que todos aqueles que as usam para disseminar desinformação, espalhar discurso de ódio e perseguir quem faz contraponto ao ódio e à mentira, sejam punidos. É preciso salvaguardar os jornalistas. É urgente salvar o Jornalismo.

* Professor e jornalista

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