O povo era liberado do expediente pra ir atrás de voto. Gente de empresas terceirizadas deixou seus postos de trabalho para ir atrás de voto.

Nas movimentações políticas, comissionados precisavam levar parentes, amigos e agregados. Nas redes sociais, os que tem cargo de confiança não eram vistos como confiáveis, afinal de contas, um cargo de “pastorador” de rede social alheia foi criado.

Todos eram obrigados a postar, todo dia e o dia quase todo, fotos dos candidatos do chefão, inclusive com ele aparecendo em primeiro plano. Para o plano não falhar. Mas falhou. E a falha foi na forma.

Tudo era na obrigação. Tudo era na exigência. Não havia chance para o contraditório. O pagamento, com cargos, estava religiosamente em dia, diziam a quem ousasse com a mínima insatisfação.

A pressão sempre foi grande. Era preciso fazer número. As fotos precisavam estar cheias de gente.

Insatisfeito, esse povo numeroso não transformou esses números em votos. Ninguém abandonou o barco, porque nem isso podia. Mas no silêncio da consciência. Na solidão da escolha. No momento da verdade, o povo deu mostra de que a tal grandeza era de mentira.

A máquina azeitada pra eleger muitos não elegeu ninguém. Teve muito dinheiro, teve muita estrutura, teve muita pressão. Exageraram na dose do último ingrediente.

O caldo entornou e a grande prefeitura do pequeno ditador não elegeu seus preferidos. Pressão demais às vezes é veneno contra o próprio feiticeiro.

 

 
 
 

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