Por Pedrina Oliveira
Após cinquenta dias de buscas aos fugitivos do Presídio de Segurança Máxima, Deibson Cabral Nascimento, de 33 anos e Rogério da Silva Mendonça, de 39 anos, chega ao fim as buscas, quando os dois são recapturados no estado do Pará, distante mais de 1.500 Km do Presídio Federal em Mossoró, no Rio Grande do Norte, um dos cinco Presídios do país.
Tatu e Martelo, como eram mais conhecidos, fugiram na madrugada do dia 14 de fevereiro, em plena quarta-feira de cinzas. Somente por volta das 5h da manhã, que a Polícia Penal viu que a dupla não estava mais em suas celas. Que tinham fugido por buracos na luminária e tinham cortado as cercas de arame com ferramentas encontrada possivelmente em uma obra que existia no Presídio. E, com o apoio da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte, a Polícia Penal, sai à caça aos fugitivos que se embrenham no matagal e somem.
Uma Força-Tarefa, composta pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil, Polícia Penal Federal, Polícia Penal Estadual , Polícia Militar iniciaram as buscas, dias depois, também foram acionadas para auxiliar, a Força de Segurança Nacional, mais alguns cães farejadores, além de helicópteros e drones. Mas, mesmo com o efetivo de cerca de 600 homens, mesmo com esse aparato todo, os dois homens não foram localizados.
Quando a operação chegou no 46º dia, o Ministério da Justiça informou que tinha chegado ao fim as buscas em Mossoró e Baraúna, ficando apenas o serviço de inteligência das polícias e todo o efetivo restante foi embora. Toda a operação custou aos cofres públicos mais de R$2 milhões de reais, no dia 04/04, dia da captura dos fugitivos o total gasto estava em R$2.115.579,00 .
Ainda sobre a fuga, vários relatos de moradores foram aparecendo, algumas casas e locais, na região da Zona Rural de Mossoró e de Baraúna, como no dia 15 de fevereiro há quase 7 km do presídio, acordamos com a notícia que uma casa tinha sido arrombada, que levaram alimentos, roupas e um tênis. No terceiro dia, 16 fevereiro, quase 3 km do presídio a polícia encontrou peças de roupas na mata, tudo indicava que seriam deles. No dia 16/02 a polícia encontrou também no matagal, mais roupas e um lençol.
Mais informações chegavam até a Polícia, no dia 17/03, os fugitivos invadiram uma casa, onde fizeram um casal de refém. Obrigaram a mulher a cozinhar para eles, amarraram o marido, e quando saíram, levaram os dois celulares das casa. Entre os dias 17 a 23 de fevereiro, aconteceu um silêncio, nenhum morador teria visto os dois homens, quando há quase 30 km do presídio, as equipes localizaram em área de mata, uma casa com aspecto de abandonada porém, existiam redes penduradas, embalagens de comida jogadas no chão, um facão, buracos na terra para que pudessem se esconder dos sensores de calor que existiam em alguns drones e helicópteros. Nesta casa, eles recebem todo o apoio pois, tinham alimentos todos os dias, sinal de Wi-fi e até uma câmera de vigilância na entrada da casa.
Segundo a Polícia, o último sinal capturado do celular roubado que estava em poder dos fugitivos, foi perto da divisa do RN com o CE. No dia 29 de fevereiro, eles são vistos em uma plantação de bananas em Baraúna e no dia 03 de março, são vistos num galpão agrícola também na cidade de Baraúna. Após esses fatos, não foram vistos em nenhum outro local. O silêncio foi total!
Especulações surgiram de que estavam na Reserva Ecológica chamada Furna Feia, onde existem vários locais para se esconderem.
No 50º dia, no dia 04 de abril, há cerca de 1600 km de distância do presídio, em Marabá, no Pará, após uma operação da PRF e da PF daquela cidade, que receberam uma ligação de um delegado da PF que conseguiu monitorar através de sinal de celular e ligações o local onde os dois estavam. Ele conseguiu avisar as equipes da PF e PRF de Marabá a tempo pois, os fugitivos seguiam para o exterior. O delegado da PF, informou onde estaria Tatu e Martelo, por onde eles passariam de carro. A PRF com a PF começaram, ali no Pará, a monitorar também os carros em que os dois estavam e visualizaram três automóveis, um Classic que estava Deibson, um Jeep que estava Rogério e um um Polo que estavam algumas pessoas dando apoio aos fugitivos. A Polícia usou a seguinte estratégia, quando os carros estivessem em cima da Ponte que fica sobre o Rio Tocantins, que neste momento a Polícia iria agir. E assim foi feito, a PRF cercou a ponte de um lado e a PF do outro lado, conseguiram cercar os três carros. Rogério foi preso em cima da Ponte e Deibson na base da ponte. A prisão aconteceu próximo da BR 222. Segundo a Polícia, tiveram que ter cuidado para que não fugissem pelo rio. Com eles foram encontrados um fuzil com munições, oito celulares, sendo que três deles estavam sendo monitorados pela Polícia. Encontraram também cartão de crédito e uma carteira com dinheiro. Todos os homens que davam apoio foram presos neste momento.
A Polícia descobriu também que o valor de 5 mil reais, feito através de um PIX, para um mecânico que foi preso por auxiliar os fugitivos, veio de um morador do Complexo do Alemão no Rio de Janeiro/RJ. Esse mecânico seria proprietário da casa onde a dupla passou cerca de oito dias escondida. Algumas pessoas, foram presas desde fevereiro, acusada de auxiliarem na fuga, uma delas integrante do Comando Vermelho. No dia 22 de fevereiro, mais duas pessoas presas com armas e drogas, no dia 23 fevereiro o irmão de Deibson foi preso no Acre, dia 26 fevereiro o mecânico de 38 anos acusado de esconder os fugitivos, outro suspeito de 31 anos em Fortaleza no dia 01 de março e dia 1 de abril foi preso um homem morador de Baraúna, no Ceará em Fortaleza, numa pousada na Praia do Futuro, suspeito também de auxiliar a dupla que chegou no Estado do Pará pelo mar, em um barco pesqueiro, que saiu de Icapui no CE, chegando na Ilha de Mosqueiro, no Belém do Pará, de lá seguiram em pequenas embarcações até Marabá.
Após a prisão, a dupla de fugitivos, é conduzida para a sede da PF em Marabá e permanecem calados. Por volta das 22h, a dupla sai da sede da Polícia Federal em Marabá no Pará, e segue para o aeroporto da cidade, conduzida por várias equipes da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Penal Federal, entre outras.
A dupla chega em Mossoró no RN, perto das 2 horas da madrugada. Segundo Ministro da Justiça, presídio está com segurança reforçada e a direção do local foi trocada. Assim finalizam as buscas de 50 dias e a fuga entra para história do Brasil como a primeira vez em 18 anos que conseguiram fugir de um Presídio de Segurança Máxima.