O prefeito Allyson Bezerra (UB) enviou à Câmara Municipal um projeto de lei modificando a estrutura da prefeitura de Mossoró. Ao custo anual de R$ 8 milhões, as mudanças vão além da criação de secretarias e subsecretarias e do aumento – mais um – no número de cargos comissionados.
A proposta concentra cada vez mais poder nas mãos do engenheiro Allyson Bezerra. Tanto no número cada vez maior de pessoas atuando na prefeitura sob portarias, fazendo o que o prefeito quer e se recusando a fazer o que a prefeitura precisa fazer. Às vezes, as necessidades do povo são antagônicas com os interesses do prefeito (confirme aqui e aqui).
A concentração ainda maior de poder advém também da vinculação de algumas pastas ao prefeito. É o que acontece, por exemplo, com a Secretaria Municipal de Comunicação Social (SECOM), agora, conforme a lei a ser votada pelo Legislativo, “subordinada diretamente ao prefeito de Mossoró”. Ou seja, a vergonha que já acontecia de fato será legitimada por direito.
O prefeito está propondo a criação do Gabinete de Segurança Institucional Municipal (GSIM), “destinado a planejar, coordenar, controlar, fiscalizar e sistematizar os procedimentos, ações e serviços de segurança institucional”. Não é apenas a megalomania de Allyson que está em jogo quando ele decide criar um órgão semelhante ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. A definição das demais ações e atividades do tal GSIM dá uma noção exata do que realmente pretende o prefeito.
Entre as demais tarefas que caberão ao GSIM, está a elaboração e aprovação de programa destinado à capacitação de agentes de controle e manipulação de informações. O prefeito parece pretender montar uma estrutura para monitorar e espionar os cidadãos mossoroenses, especialmente aqueles que ousem fazer qualquer crítica ao filhote de ditador que dá as ordens no Palácio da Resistência.
Obviamente que a proposta será aprovada pela Câmara Municipal, onde o prefeito tem ampla maioria. Ontem, inclusive, já tinha vereador governista utilizando as redes sociais para “passar pano” para o prefeito, apresentando o projeto como um grande feito, quando na verdade na mais é que ampliar o cabide de empregos em que a prefeitura de Mossoró se tornou.
Comandando a prefeitura de centímetro a centímetro, sem que ninguém tenha autonomia para nada; controlando a Câmara a ponto de indicar quase todos os ocupantes de cargos em comissão, inclusive de gabinetes de vereadores, Allyson concentra cada vez mais poder, um risco para o sistema democrático – em qualquer nível – onde deve prevalecer a correlação de forças. Com o GSIM, Allyson será de vez um gestor plenipotenciário, como gosta de definir um jornalista da cidade, e que hoje figura como um dos principais conselheiros do gestor. Tudo de forma legal, como sempre fazem os tiranos mais cruéis ao longo da História.
