* Esdras Marchezan
Alvos de ataques diversos, as universidades públicas brasileiras têm mostrado à sociedade como são importantes e imprescindíveis, durante toda a pandemia da Covid-19. Desde março de 2020, enquanto o país assistia à letargia do governo federal com o drama de milhões de pessoas, vem das universidades algumas das principais ações e pesquisas para o combate à doença e atendimento à população.
Em Mossoró, onde a estratégia de vacinação da prefeitura tem conseguido bons resultados, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) tem feito a diferença. Com quase 100 voluntários — entre estudantes, técnicos e professores — integrando a força tarefa de vacinação nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nos ginásios do Sesi e Pedro Ciarlini, a Uern tomou para si, também, o desafio de imunizar, o mais rápido possível, a população mossoroense. Segundo dados da prefeitura, já são mais de 264 mil doses de vacinas aplicadas, das 286 mil recebidas até aqui. Sem a atuação dos voluntários, na semana e nos finais de semana, avançar na faixa etária do público seria extremamente difícil.
Na sexta-feira (27), um dia antes do Dia Nacional do Voluntariado, Uern e prefeitura certificaram todos os voluntários ligados à universidade, que fazem parte do “Uern Vacina”, projeto de extensão da Faculdade de Enfermagem. Numa tarde de homenagem, os participantes foram unânimes na emoção. No fundo, sabem que cada vacina aplicada por eles é também um grito de esperança e vida solto no ar.
Reitora em exercício, Fátima Raquel, também participou da ação. Foto: Allan Pablo
Enfermeira de formação e professora da Faculdade de Enfermagem, a reitora em exercício da universidade, Fátima Raquel, sabe bem o compromisso da instituição em momentos como esse. “A Uern é uma universidade pública, comprometida com a sociedade. Desde o início da pandemia temos buscado oferecer nossos serviços onde for preciso, e o resultado do trabalho feito em Mossoró, com a prefeitura, mostra como a junção de forças faz a diferença”, comentou durante a solenidade.
Estudante da Uern realiza atendimentos à população, no Parque Municipal
A atuação dos voluntários na vacinação é apenas uma, entre centenas, das ações que a Uern tem protagonizado no atendimento de saúde, durante a pandemia. Na Faculdade de Enfermagem, atendimentos multiprofissionais são oferecidos gratuitamente a pessoas em situação de rua, população LGBT+, e trabalhadores que só conseguem ter hora para ir se consultar depois das 17h. Na Faculdade de Ciências da Saúde, no curso de Medicina, os ambulatórios registram cerca de oito mil atendimentos gratuitos, por ano, em especialidades como cardiologia, endocrinologia, pediatria, neurologia, gastroenterologia, dermatologia, pneumopediatria e ginecologia e obstetrícia.
Contra o negacionismo e a ignorância, as universidades seguem sua missão, de braços dados com a comunidade, e provam que nos cenários mais difíceis é com elas que a sociedade pode contar, afinal de contas é ao povo que elas pertencem. Não deixemos que essa informação se perca. Apoiar a educação pública é garantir um presente possível e investir num futuro onde há um país muito melhor. Acreditemos.
* Esdras Marchezan é jornalista, pesquisador, professor do curso de Jornalismo, e Assessor de Governança da Informação e Transparência, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Criador do Coletivo Repórter de Rua.
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